ESBOÇO PARA UMA HISTÓRIA DA CAPOEIRA PARANAENSE
Jeferson do Nascimento Machado

Surgida entre os escravos urbanos e empregada na resistência ao sistema escravista (SOARES, 2004), a capoeira assombrou a elite brasileira do século XIX e início do XX, tendo ficado oficialmente ilegal entre 1891 e 1937. No entanto, essa cultura, por meio de sua capacidade de se reinventar e catalisar as objetividades oferecidas pelo acúmulo das experiências históricas, não tornou-se obsoleta, pelo contrário: ela se fortaleceu e continuou sua trajetória até nossos dias. Hoje ela é considera Patrimônio Nacional (IPHAN, 2008) e da Humanidade (UNESCO, 2014), contanto com praticantes nos mais diversos países.

Deste modo, compreendendo a relevância dessa prática cultural e a ausência de trabalhos acadêmicos que façam um apanhado geral acerca da capoeira paranaense, procuramos esboçar a trajetória dela no Estado do Paraná (Este texto é produto da pesquisa que venho realizando para minha dissertação, intitulada “História da capoeira na cidade de Ponta grossa: entre relatos e fotografia”, sob a orientação do Doutor Oseias de Oliveira). Para isso, realizamos uma garimpagem bibliográfica, na qual selecionamos textos que tocaram, de uma forma ou outra, no tema da capoeira paranaense. Essa literatura selecionada, somadas as fontes orais e jornalísticas foi o subsidio para a construção desta narrativa.

Inicialmente, a capoeira foi uma prática restrita ao Rio de Janeiro, Pernambuco e Bahia, porém, na segunda metade do século XX ela passou a se expandir por todo o país e no exterior. E foi neste contexto de expansão, que ela foi inserida no Estado do Paraná.

A capoeira aportou em Curitiba em meados da década de 1970, quando Mestre Sergipe mudou para lá e passou a ensinar a capoeiragem aos moradores da capital. Desde então ela foi sendo difundida por todo o estado, ocupando praças, ruas e festas, realizando aquilo que Michel de Certeau (2017) chamou de reinvenção do cotidiano. A capoeira, de certo modo, transfigurou o universo simbólico de caráter europeu - muitas vezes fomentado pelo Paranismo, movimento que buscou criar uma identidade paranaense desvinculada dos negros e indígenas (BATISTELLA, 2012) - através da inserção de uma simbologia afro-brasileira.

Feito estas considerações, apontamos que o texto foi organizado em três partes. Na primeira parte, discorremos acerca da chegada da capoeira na capital. Já na segunda parte, tratamos dela no processo de difusão pelas demais cidades paranaense. E, finalmente, na última parte, realizamos um apanhado das discussões e apontamos para a necessidade de um estudo mais aprofundado sobre assunto, em busca de encontrarmos outras determinações.

A Capoeira Chega à Curitiba

Mestre Sergipe (Antônio Rodrigues Santos), natural de Boquin-SE, foi sem dúvida, o pioneiro na escrita sobre a capoeira paranaense. Em em seu livro O Poder da Capoeira (2006), ele realizou uma abordagem geral a respeito da capoeira e dedicou um dos capítulos para tratar da capoeira paranaense. Sergipe utilizou de sua memória como base para a construção do enredo, no qual ele descreve a chega da capoeira em Curitiba e seu desdobramento para outras cidades.

Conforme Sergipe (2006), Mestre Lampião de Goiás foi o primeiro capoeirista a passar pelo estado, na capital de Curitiba, no ano de 1970. Depois dele, também passou Mestre Alabamba, que fez alguns shows no Teatro Guaíra, em 1972. Ali no teatro ele encontrou alguns alunos de Mestre Lampião que haviam sido recém iniciados. No ano de 1973 foi à vez do terceiro capoeirista, que foi o próprio Mestre Sergipe. Ele conta que chegou à cidade de Curitiba no dia 18 de dezembro de 1973 e instruiu alguns alunos, sendo que no natal do mesmo ano realizou uma roda na Praça Zacarias, antiga feirinha.

O quarto mestre a chegar, já no ano de 1974, foi Mestre Monsueto. Depois veio, em 1975, mais três mestres: Mestre Belisco, Mestre Diabo Loiro e Mestre Burguês. Em 1975, Mestre Burguês fundou a Associação de Capoeira Netos da Muzenza e Federação Paranaense de Capoeira (FEPARCA) que, conforme Karen Quimelli (2017, p. 60), foi uma necessidade, “pois devido à falta deste, os capoeiristas inicialmente se vinculavam à Federação de Pugilismo”. Nos primeiros anos Mestre Burguês foi presidente da FEPARCA, depois o cargo passou para Mestre Sergipe.

Mestre Sergipe ficou quatro anos como presidente, sendo que devido a desentendimentos políticos ele acabou por deixar o cargo e criar outra instituição: a Liga Brasileira de Capoeira (QUIMELLI, 2017). Mestre Burguês respondeu essa atitude com a criação da Super Liga Brasileira de Capoeira, expressando uma primeira disputa no campo da capoeira – aqui usamos o conceito de campo na perspectiva de Pierre Bourdieu (1996 & 2003), o qual estabelece que campo é um espaço abstrato formado pela relação objetivas entre agentes desigualmente distribuídos em um fragmento social. Esses campos são autônomos, trabalhando dentro de critérios específicos e organizações específicas, não se confundindo com outras partes da realidade social (BOURDIEU, 1996 & 2003). Este fato exerceu forte influência sobre a capoeira paranaense, sobretudo a curitibana e aquelas de outras cidades fortemente influenciada pela cidade de Curitiba. Pois após ao fato ocorreram “enfrentamentos de rua (que levaram a que as rodas de rua se retraíssem), invasão de academias, confrontos abertos entre os membros de cada um deles, lutas violentas” (PORTO et al., 2010, p. 173).

Vale apontar que principalmente dentro da capoeira curitibana, estes dois agentes do campo da capoeira (Mestre Sergipe e Mestre Burguês) e seus respectivos grupos (bem como os grupos pertencentes a estas linhagens) possuem grande importância na configuração do campo e na dinâmica do mesmo, logo que eles formam a elite da capoeira paranaense e, assim sendo, estar próximo deles significa potencializar o seu capital social, que no entender de Pierre Bourdieu, trata-se do

[...] conjunto dos recursos reais ou potenciais que estão ligados à posse de uma rede durável de relações mais ou menos institucionalizadas de interconhecimento e de inter-reconhecimentos mútuos, ou, em outros termos, à vinculação a um grupo, como o conjunto de agentes que não somente são dotados de propriedades comuns (passíveis de serem percebidas pelo observador, pelos outros e por eles mesmos), mas também que são unidos por ligações permanentes e úteis. (BOURDIEU, 1998, p. 67).

Em suma, não pertencer a esses grupos e não estar associado a nenhuma instituição fundada pelos mesmos, significa que vai ter maior dificuldade para acessar os capitais acumulados e, portanto, menor poder de luta dentro da capoeira.

Expansão da Capoeira pelo Interior do Paraná
Segundo Mestre Sergipe,

Vários outros capoeirista de Curitiba e outros Estados estabeleceram-se em várias cidades do interior como Londrina, Foz do Iguaçu, Maringá, Umuarama, Ponta Grossa, Paranaguá, Cascavel, etc. [...] Hoje tem capoeiras paranaenses dando aulas em vários Estados como Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Mato Grosso e também em outros países como Paraguai, Argentina, Chile, EUA e Japão (SERGIPE, 2006, p.31)

Desta forma, podemos dizer que a capoeira curitibana teve forte impacto sobre outras regiões, sendo que em alguns casos ela foi diretamente responsável pela sua difusão. No entanto, como veremos mais adiante, nem sempre foram os capoeiristas curitibanos que levaram a capoeira até as cidades interioranas, pelo contrário, a maioria delas receberam mestres de capoeira vindo de outros Estados, o que não exclui o poder de influência que Curitiba passou a ter posteriormente.

Em Apucarana
A cidade de Apucarana, conforme aponta Leonirce Moya Mareze, recebeu a capoeira em 1973, e
Era praticada num salão de madeira no bairro Vila Nova, na Rua Aquiles, denominado de Salão de Capoeira do Silveira cujo professor era o Gideoni Silveira. Deu aula em diferentes locais entre eles: na antiga UEA, próximo ao SESC e no Clube XV de Novembro. Formou-se Mestre em Curitiba. (MAREZE, 2010, p. 5)

Logo mais, no ano de 1980, Mestre Silveira (Gideone Silveira) já com o Grupo ACAPRAS (Academia de Capoeira Praia de São Salvador) prosseguiu as aulas na cidade. Também passara pela cidade outros grupos. São eles: Grupo Ilha da Maré (1978-1984), fundado pelo Mestre Fernando que veio de Salvador da Praia Ilha da Maré e passou a dar aulas na cidade; Grupo Besouro Dourado, liderado pelo Mestre Shut (Francisco Barbosa) que veio de Maringá em 1985; Grupo Filhos do Valtinho da Senzala (1986), que foi trazido pelo Contramestre Ventania; Grupo Lendas do Abaeté (1987), trazido pelo Mestre Pessoa (Manoel Souza Pessoa); Grupo Muzenza (1995), que foi fundado em Apucarana pelo professor Quati (Airton Manfrini) e no ano de 2010 (ano que foi realizado a pesquisa) estava sob coordenação do Contramestre Carneiro; Grupo Maculelê (2002), trazido pelo professor Celsinho (Celso de Souza); Geração Brasil (2006), liderado pelo Professor Fião (Mario Brandino) e Projeto Pedagoginga (2009), conduzido por Cristiano Mário Machado, Professor Skada (MAREZE, 2010).

Em Londrina
Na cidade de Londrina, Caldas (2012) aponta que muitos de seus entrevistados disseram que os primeiros capoeirista a passarem pela cidade foram os seguranças dos magnatas do café, que se divertiam pelos bordéis de Londrina. No entanto, Caldas (2012) salienta que no geral todos concordam que foi Mestre Lampião que desenvolveu o primeiro projeto de capoeira na cidade.

Mestre Lampeão chegou em Londrina no ano de 1979
Para trabalhar como segurança em uma feira de artesanato na cidade e, ‘durante a feira, costumava fazer umas ‘brincadeirinhas’ demonstrando um pouco como se jogava capoeira. O público, gostando de ver, começou a incentivá-lo a montar uma escola de capoeira aqui na cidade (CALDAS, 2012, p. 134)

Assim foi e por meados de 1980 ele fundou a Associação de Capoeira Flor do Mar, que funcionou por 12 anos no centro de Maringá. Os praticantes, em geral, eram de classe trabalhadora e periférica, fato esse que explica a existência de vários formados de Lampião dando aulas nas periferias da cidade desde o final dos aos 1980 (CALDAS, 2012). Essa relação da capoeira e os trabalhadores é um fenômeno antigo, uma vez que a capoeira emergiu justamente com os trabalhadores negros, que naquele momento estavam cativos do regime colonial português.  Conforme João da Matta (2015, p.1):

A capoeira emergiu como uma resposta encontrada pelo africano contra o colonizador europeu. Utilizando seus corpos como instrumento de luta, a capoeira traz o registro de uma história forjada ao longo de séculos por indivíduos que reagiram às práticas intoleráveis da escravidão e da repressão policial. Os capoeiras também faziam emergir, em disputas de territórios nas comunidades negras do século XIX, a busca por laços de companheirismos, diversão e lazer.

Este elo capoeira/trabalho se expressa, inclusive, em nomes dados a golpes de capoeira. Por exemplo, o golpe martelo e o parafuso, que representam ferramentas/objetos de trabalho. E mesmo que os mestres fundadores da capoeira Angola (Mestre Pastinha) e Regional (Mestre Bimba), eram de classe pobre e trabalhadora. Mestre Pastinha, além do seu trabalho com a capoeira, foi pedreiro, pintor, entregador de jornal e marinheiro e Mestre Bimba foi estivador. No entanto, deve-se notar que a capoeira não é uma prática exclusiva de uma classe. Todavia, de modo geral, a capoeira possui grande articulação com a classe pobre, expressando suas contradições e anseios.

Mestre Lampião construiu toda uma linhagem e, conforme pondera Caldas (2010, p.142):

Até mais ou menos a primeira metade de 1990, a linhagem de Mestre Lampião se expandiu rapidamente por Londrina. Segundo Mestre Vandi, quatro gerações de mestres foram formados por Lampião em 12 anos de academia.

No entanto, “por volta de 1995, pode-se localizar indícios da perda de autoridade de Mestre Lampião” (CALDAS, 2010, p. 142). Caldas explica que isso se deveu a uma mudança de paradigmas acerca da capoeira, pois a capoeira de Mestre Lampião era uma prática violenta e muitos formados por ele “começam a discordar dos métodos existentes na academia de Mestre Lampião” (CALDAS, 2012, p. 140). E já em 2001 a capoeira de Lampião totalmente desqualificada, servindo de pretexto para dirigentes públicos normatizarem a prática a partir do “ensino gerenciado pela Secretaria de cultura de Londrina” (CALDAS, 2012, p. 142).

Para Caldas (2012), outro mestre importante para a capoeira londrinense foi Mestre Fran, que chegou em Londrina no ano de 1982 e fundou o grupo Conceição da Praia, que estava subordinado ao Mestre Bradesco de São Paulo. Este grupo logo tem seu nome alterado para Maculelê. Mestre Fran começou a treinar capoeira desde seus 10 anos, com Mestre Bradesco em São Paulo e em Londrina, assim como Mestre Lampião, construiu uma grande linhagem. Seu prestigio era significativo, o que contribuiu para que na gestão do prefeito Luiz Eduardo Cheida (1993-1996) e no mandato de Antônio Bellinati (1997-200), a capoeira de Fran conseguisse um projeto para oferecer aulas gratuitas à população, servindo como fonte de renda para muitos capoeiristas (CALDAS, 2012).

Mestre Fran - diferente de Mestre Lampião que não via problemas em seus formados criarem novos grupos – não aceitava ter seus formados como concorrentes, pois isso afetaria sua renda, logo que diferente de Lampião que não tinha na capoeira sua única atividade profissional, Mestre Fran vivia somente da capoeira. Isso acarretou em alguns episódio onde o Mestre Fran foi fechar as academia de seus formados. Num desfile cívico de 7 de setembro da década de 1990, chegou a ocorrer um confronto entre formados que tiveram suas academias fechadas e Mestre Fran (CALDAS, 2012). Caldas ainda aponta que:

Depois que Fran fechou as academias de seus formados, estes se aliaram para confrontar seu mestre realizando uma roda bem ao lado de onde ocorria o desfile militar em comemoração ao dia da independência brasileira. Em resposta a roda, Fran reuniu seus alunos mais experientes e se dirigiu até ao local. Lá chegando, formaram uma roda circunscrevendo à que era comandada pelos rebeldes [...]. Tendo perdido a o confronto marcial, os discípulos rebeldes dirigiram-se para a delegacia. (CALDAS, 2012, p. 146)

Além destes conflitos internos, entre capoeiristas da mesma linhagem, também existiu conflitos entre a linhagem de Lampião e Mestre Fran. Embora Lampião tivesse falado que não haveria problemas em existir uma outra academia e, inclusive, colocou penalidade (três meses fora da capoeira) aqueles que fossem rivalizar na academia de Mestre Fran, posteriormente passou a ocorrer alguns conflitos (CALDAS, 2012).

Depois que Mestre Fran se estabeleceu na cidade, alguns alunos de Lampião foram treinar com Fran, dando início a rivalidade depois de surgirem boatos, vindo destes ex-alunos, que Fran teria dito que iria dominar a capoeira londrinense (CALDAS, 2012). O primeiro conflito ocorreu no calçadão londrinense, quando Mestre Fran realizava uma roda com seus alunos e entraram nela dois alunos de Lampião e um deles teria jogado com Cidinho, como o mesmo narra:

Eu dei uma chapa na barriga do cara, ele nem mexeu. Aí fiz um aú e ele deu uma cabeçada, eu caí. Aí o Fran comprou o jogo, o cara saiu na volta do mundo atrás dele [movimento de circunscrever a roda andando], o Fran do jeito que tava rodando abaixou e virou de cabeça pro lado [golpe de cabeça] pegou na cara do cara que caiu pra trás, daí ele levantou e foi de soco pra cima do mestre que afastou e tropeçou. [Neste momento, outro aluno Fran interveio e] quebrou o berimbau na cabeça do discípulo de Lampião (CIDINHO apud CALDAS, 2012, p. 149).

Depois deste conflito aconteceram outros quatro. O segundo foi semelhante a esse primeiro, ocorrendo novamente no calçadão. O terceiro aconteceu na academia de Fran, quando alunos de Mestre Lampião, desgostosos por não terem sido convidados para um evento cultural sobre capoeira que Fran participou, foram até lá e desafiaram Fran. Ele não aceitou o desafio, pois estavam em minoria, e então houve somente bate-boca (CALDAS, 2012).

Um quarto conflito aconteceu quando Mestre Fran foi nomeado delegado da FEPARCA, no início da década de 1990. Mestre Lampião e seus alunos, que foram convidados para o evento, passaram um bate-boca, dizendo que não reconheciam aquela nomeação. Assim foi que, como aponta Caldas (2012, p.150), “depois disso, nenhum dos dois grupos permaneceu filiado a esta instituição”. Coisas deste tipo fizeram com que Mestre Fran fosse, também, aos poucos perdendo espaço, até que em 2002 resolver deixar a cidade e seguiu para os Estados Unidos, onde fundou uma academia na Filadélfia (CALDAS, 2012).

Em Ponta Grossa

No município de Ponta Grossa a capoeira foi trazida pelo grupo Muzenza, no ano de 1982, através do professor Periquito. Em 1983 quem assumiu o grupo foi professor Jabá, que ficou dando aulas até 1991, quando voltou para sua cidade (Natal). Professor Jabá deixou o grupo sob direção de Mestre Polaco, o qual atua até hoje na cidade. Mestre Polaco conta, em relação a este início, que

Soube que existia uma academia de capoeira aqui em Ponta Grossa, que era a CAPOARTE, na época, só que eu não tive a oportunidade de ir. Quando eu fiquei sabendo que a Muzenza abriu uma academia aqui eu fui assistir um treino, foi onde eu me encantei com a capoeira e comecei a treinar. Isso foi em 24 de agosto de 82 (MESTRE POLACO, 2018).

Mestre Polaco relata que esse início foi bem conturbado, pois “a capoeira ainda é descriminada, mas na época era bem mais forte essa [...] E o pessoal confundia muito com religião: com o candomblé, com atos religiosos africanos” (MESTRE POLACO, 2018).  Ou seja, havia um grande problema da capoeira em relação a sociedade pontagrossense. Devemos lembrar que a cidade de Ponta Grossa teve forte influência da ideologia Paranista o que pode ter contribuído para esta dificuldade inicial. Devemos pontuar que, apesar de haver uma grande mudança da cidade dos anos 80 à atualidade, Mestre Polaco nos coloca que “hoje em dia mudou bastante, mas ainda assim tem muitos pastores... [...] muitas pessoas ainda acham que tem alguma coisa a ver, a capoeira ligada a religião africana e tudo mais” (MESTRE POLACO, 2018).

A capoeira pontagrossense, assim como em outras cidades paranaenses, também for e ainda é permeada por conflitos. Nessa perspectiva Mestre Polaco (2018) pondera que a “rivalidade sempre existiu, mas isso é mais por conta dos alunos, ou de outros professores também que as vezes queriam confrontar com a Muzenza”, pois “[...]o aluno sempre quer provar que ele é o melhor, que o seu grupo é o melhor [...]”, mas no entanto, Mestre Polaco lembra que essa rivalidade aparece em rodas aberta, pois quando são rodas para apresentação “vai fazer apresentação numa escola... a apresentação é o espetáculo em si” e acaba existindo um consenso sobre deixar fluir mais, no sentido de espetáculo, para o público, pois o conflito “não é legal pra quem está assistindo” (MESTRE POLACO, 2018).

Em Matinhos
Outra cidade importante para a capoeira do Paraná, principalmente para o litoral paranaense, foi Matinhos. O principal responsável pelo desenvolvimento da capoeira nessa cidade foi Mestre Bacico. Esse mestre veio para a cidade em 1998, como aponta Launa Sentone (2013). Quando ele chegou a cidade já havia o Mestre Crespim do Grupo Ilha Bela, que ministrava aulas para alguns alunos e o Gêge do grupo Muzenza, que já havia ministravam aulas no SESC, mas que já havia ido embora da cidade.

Antes de Mestre Bacico chegar a cidade ele já tinha vasta trajetória e experiência na capoeira. No ano de 1998 ele ingressou no Centro Paranaense de Capoeira, do Mestre Sergipe. Mais tarde (1984-1986) passou dar aulas na Escola de formação de soldados da Policia Militar do Estado do Paraná, no município de Pontal do Paraná. Nessa mesma época (1985) Bacico levou a capoeira para os Balneários de Pontal do Sul, Ipanema e Praia do Leste em Pontal do Paraná e também concluiu o estágio de instrutor, sendo reconhecido como contramestre pela FEPARCA. Dois anos depois instituiu e constituiu a diretoria da Associação de Capoeira Ayê Raça em Liberdade, em Paranaguá. Ainda em 1987 Bacico coordenou a capoeira em Itajaí, na Casa da Cultura e orientou a inserção dela nos munícipios de Morretes e Antonina (SILVA, 2014).

Em Matinhos, o primeiro local onde Mestre Bacico deu aulas foi no MainShwartz. Mas ficaram pouco tempo neste local, pois como a esposa do proprietário não gostava de capoeira eles procuraram mudar de local e assim foram para o clube Caravelas (SENTONE, 2013). No ano de 1996 Mestre Bacico contava com o apoio de outros professores, como Praia Grande, Cesar. Além dos instrutores Marcelo, China e Edson que davam aulas nos bairros Tabuleiros e Rio da Onça (SENTONE, 2013). Em 1988, Bacico fundou o Grupo de Capoeira Zoeira Nagô em 1999 organizou a diretoria da Associação de Capoeira Zoeira Nagô (ACZN), no ano de 1998 (SILVA, 2014).

Em Imbituva

Na cidade de Imbituva a capoeira tomou a cidade nos anos 90, se estabelecendo como prática cultural através de professor Borgo, considerado o precursor da capoeira na cidade. Prof. Borgo conheceu e aprendeu a Capoeira com Mestre Luiz Baiano, que veio da Bahia a Imbituva em procura de trabalho. Na cidade de Imbituva ele conseguiu emprego na pavimentação, trabalhando na construção do calçamento da cidade, que era o mesmo trabalho de professor Borgo.

Conforme relata Borgo, foi durante um intervalo para o café que ele conheceu a capoeira:

Um dia na hora do café ele fez um macaquinho. [...] Perguntei para ele o que era e ele disse: isso é capoeira, isso é uma luta baiana. Então falei para ele me ensinar, e ele não queria ensinar. Fiquei mais ou menos uma semana falando pra ele me ensinar, até que ele cedeu. Foi então que começamos a treinar (BORGO, 2016).

Assim que professor Borgo começou a aprender a capoeira ele passou a fazer demonstrações nas praças e nos colégios, o que contribuiu para aguçar a curiosidade dos imbituvense. Não demorou para que o público passasse a incentivar professor Borgo a ensinar capoeira, e assim, aos poucos ele começou a dar aulas. Inicialmente as aulas eram na pra Theodoro Newton Diedrich, no centro da cidade. No entanto, quando o número de praticantes aumentou, atingindo um número de quarenta e cinco alunos ele optou por buscar um espaço fechado e filiou-se ao grupo pontagrossense de capoeira Vôo Livre.

Desde o início da prática da capoeira, no ano de 1990, até os dias atuais, existiram cinco grupos de capoeira oficiais: Vôo Livre (grupo de Mestre Valdeci, já extinto), que manteve atividades de 1995 a 1999; Salve Brasil (grupo criado por Valdeci, tendo Prof. Daniel como Mestre, que também já é extinto), o qual ficou ativo do ano 2000 a 2001; Berimbau de Prata (grupo de Mestre Samuca, já falecido, e que permanece ativo na cidade de Curitiba, tendo como liderança o Contramestre Jesus), que atuou de 2001 a 2002; ACAPRAS (grupo de Mestre Silveira), que iniciou seus trabalhos em 2000 e encerrou somente em 2013 e Guerreiros dos Palmares (grupo de Mestre Pop Lyne, que é o atual grupo de capoeira na cidade e tem como professor Nogosek Ferreira dos Santos).

A capoeira imbituvense também foi palco de algumas tensões. A principal delas foi o empasse ocorrido entre dois grupos da cidade: ACAPRAS (filiado a FEPARCA) e Salve Brasil (não filiado a FEPARCA). O conflito aconteceu durante os primeiros seis meses do ano de 2001, chegando inclusive a conflitos físicos. Em alguns momentos, alunos da ACAPRAS chegaram a invadir rodas do Salve Brasil, tentando impedir que acontecesse o jogo “ilegal” de capoeira. Depois professor Borgo, que era o criador do Salve Brasil desfez o grupo e passou para o Berimbau de Prata, grupo de Mestre Samuca. No entanto, as rivalidades continuaram. Como aponta Josni Ferreira Santos,

Teve um batizado deles aqui. E a gente foi assistir o batizado deles. [...] desceu todo mundo que era da ACAPRAS, só que só era aluno [...] E daí o mestre permitiu, agente jogou lá, no começo foi de boa, depois o pau comeu. (risos) Na verdade lá foi só eles que bateram (SANTOS, 2015).

Professor Valdecir Borgo conta que esse fato ocorreu devido a um desentendimento anterior, no qual “foi só o Magrão. Daí o Magrão foi lá e aconteceu dele levar umas rasteiras lá na roda e o Magrão saiu bravo. E daí depois que veio toda a turma do mestre Silveira”. Professor Borgo narra que

Veio o pessoal de Ponta Grossa pra dizer – você não pode dar aula de capoeira, aqui é só o Magrão [...] Só que depois o Magrão abandonou eles. E ai depois eles vieram conversar comigo pra eu dar aula [...] e ai o Fábio Galvão pediu desculpas (BORGO, 2016).

O fato de terem vindo falar com ele talvez esteja relacionado com a hegemonia do grupo, pois com a saída de Magrão abria-se a possibilidade de Borgo dar continuidade e dominar o mercado cultural (BOURDIEU, 2017) da capoeira imbituvense, ou seja, o grupo ACAPRAS se aproximou de Borgo estrategicamente, buscando se perpetuar enquanto grupo dominante.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

No decorrer deste texto narramos sinteticamente, por meio do material que tínhamos em mãos, a trajetória da capoeira em algumas cidades paranaense, mostrando a pluralidade de grupos e a relação existente entre eles. Por conseguinte, torna-se visível que o Paraná, para além das ideologia (paranismo) que a definem como uma região de identidade única (europeia), tem uma pluralidade de práticas (comum a nação brasileira) e entre essas pluralidades encontra-se a capoeira.

Em geral, objetivamos ao longo deste texto dar uma contribuição para aqueles interessados no estudo sobre a capoeira paranaense. Assim, buscamos organizar as ideias que estavam dispersas, realocando em uma narrativa introdutória sobre o tema. Desta forma, esperamos que o texto instigue eventuais interessados e possa servir de suporte para uma primeira aproximação do tema.
        
REFERÊNCIAS
Jeferson do Nascimento Machado é licenciado em História pela Universidade Estadual do Centro-Oeste e mestrando junto ao Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em História / PPGH-Unicentro, sob orientação do Doutor Oseias de Oliveira. O presente artigo é fruto da pesquisa de mestrado que vem sendo realizada.
BATISTELLA, Alessandro. O Paranismo e a invenção da identidade paranaense. Revista Eletrônica História em Reflexão, 2012.
BOURDIEU, P. Razões Práticas obre a Teoria da Ação. Campinas: Papirus, 1996. 224 p.
CALDAS, A. Valentia e linhagem: valores sociais em negociação e mudança entre os capoeiristas. Dissertação (mestrado em ciências sociais), Londrina: UEL, 2012.
CERTEAU, M. A Escrita da história. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1982.
Entrevista concedida a Jeferson do Nascimento Machado pelo Denis de Zouza (Graduado Topete), 35 anos, no dia 27/07/2018, na cidade de Ponta Grossa/Pr. Duração 29min17seg.  UNICENTRO/Pr.
Entrevista concedida a Jeferson do Nascimento Machado pelo Mestre de capoeira Alceu Zagurski (Mestre  Polaco), 53 anos, no dia 13/07/2018, na cidade de Ponta Grossa/Pr. Duração 18min09seg.  UNICENTRO/Pr.
Entrevista concedida a Jeferson do Nascimento Machado pelo Prof. de capoeira Josni Nogosek Ferreira dos Santos, 30 anos, no dia 13/04/2015, na cidade de Imbituva/Pr. Duração 45min14seg. UNICENTRO/Pr.
Entrevista concedida a Jeferson do Nascimento Machado pelo Prof. Valdecir Borgo, 40 anos, no dia 18/04/2015, na cidade de Imbituva/Pr. Duração 39min30seg. UNICENTRO/Pr.
MACHADO, JN. História da capoeira na região de Imbituva-PR: cultura negra entre brancos. 2016. Trabalho de Conclusão de Curso (Licenciatura em História). Universidade Estadual do Centro-Oeste, Irati, 2016.
MAREZE, Leonirce Moya. Lembranças de capoeiras em Apucarana – PR. Londrina: Cadernos PDE, 2010.
PORTO, Liliana; NOVICKI, Miguel; MASCARELLO, Magda Luiza; GUIDES, Ariana. Curitiba entra na roda: presença(s) e memória(s) da capoeira na capital paranaense. Curitiba: Edição do autor, 2010.
QUIMELLI, Karen Vanessa Matozo. Identidade cultural brasileira presente nas representações dos capoeiristas do Grupo Muzenza.2017, 181f. Dissertação (Mestrado em Ciências Sociais Aplicadas), Universidade Estadual de Ponta Grossa, Ponta Grossa, 2017.
SENTONE, Launa. O Desenvolvimento da Capoeira em Matinhos: contribuições do Mestre Bacico. Matinhos, UFPR, 2013
SERGIPE, Mestre. O Poder da Capoeira. Curitiba: Imprensa oficial, 2006.
SILVA, Geraldo Ferreira da. Capoeira na Escola. Matinhos: UFPR, 2014.
SOARES, C. E. L. A capoeira escrava e outras tradições rebeldes no Rio de Janeiro (1808-1850). 2004. Campinas, SP: Editora da UNICAMP, 2004.

18 comentários:

  1. Boa tarde, Jeferson.
    O que você acha da prática da Nova História em buscar novos objetos de estudo, como por exemplo, a capoeira?

    Comentário de: Nikolas Corrent

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    1. Boa tarde, Nicolas Corrente!

      Uma ótima questão. Acredito que o desdobrar da História Tradicional - que supervalorizava os documentos oficias e escritos, excluindo as outras tipologias de fontes – para um novo paradigma historiográfico, representado na Escola dos Annales, a qual teve sua grande expressão máxima na 3ª geração (História Nova), veio a contribuir muito para as abordagens de novos objetos, como a capoeira. A Nova História, ao incluir novas fontes, nos trouxe possibilidades para a abordagem de grupos sociais que ficaram excluídos das documentações oficias e, portanto, também ficaram excluídos da história. Ou ainda, mesmo que alguns grupos aparecessem nos documentos oficias, eles sempre apareciam dentro de uma ótica ideológica, de uma elite burocrática, que expressava a visão dos dominantes da época.
      No caso especifico da capoeira, a ampliação das fontes contribuiu bastante, logo que a maioria das documentações sobre o tema tratam-se de relatos orais, visuais e impressos. E mesmo que existam documentos oficias, como os processos do século XIX e começo do XX, ainda assim, outras fontes vem acrescentar por meio do entrecruzamento de dados, para que possamos enxergar os variados determinantes do mesmo fenômeno, o que nos ajuda a escaparmos das reproduções ideológica dos dominantes daquela dada época.

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    2. Comentário de: Jeferson do Nascimento Machado

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  4. Bom dia Jeferson, parabéns pelo tema abordado, muito interessante mostrar como essa prática surgiu e foi crescendo no Paraná.
    Gostaria de saber se durante sua pesquisa você conseguiu identificar se a capoeira praticada no Paraná apresenta diferenças e/ou características próprias em relação a capoeira praticada em outros estados?

    Comentário: Rodrigo Salmazo Mazzarão

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    1. Bom dia, Rodrigo! Obrigado pela pergunta, pois você tocou em uma questão importante.

      Eu arriscaria dizer que o próprio campo da capoeira é permeado pela diferença. Cada grupo de capoeira, ainda que sejam grupos geograficamente próximos, possuí características peculiares. No entanto, quando alargamos o campo geográfico, passamos a ver que cada região acaba formando práticas mais ou menos distintas (claro, continuam com o essencial que nos faz distinguir a capoeira de outras práticas culturais). A hipótese é que a capoeira foi, no seu desdobrar histórico, catalisando e acumulando elementos próprios de cada região e, deste modo, alterando sua forma e conteúdo.
      Algo que tenho notado bastante é que há uma diferença estética nos modos de jogar capoeira no Estado do Paraná e em outros estados. No entanto, essa percepção é mais do senso prático - para usar um termo de Bourdieu – do que uma conclusão teórica, pois ainda falta uma bagagem teórica para equacionar melhor esta questão.

      Espero ter conseguido responder a sua questão! E fico aberto para sugestões, sobretudo, neste requisito estético.

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    2. Obrigado pela explicação, ficou claro sim. Acredito que seria possível identificar essas diferenças assistindo apresentações de grupos diferentes, assim poderíamos notar melhor as particularidades de cada um.

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    3. Realmente, um trabalho antropológico poderia ajudar neste aspecto.

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    4. Comentário de: Jeferson do Nascimento Machado

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  5. Boa noite, Jeferson, parabéns pelo trabalho, realmente observamos poucas discussões a respeito. A temática é instigante, gostei bastante!

    No decorrer do texto vc apresenta que a partir do século XX a capoeira se expandiu no país e no exterior, vc observou o fator determinante que colaborou para esse fato?

    Vc descreve detalhes da capoeira como a rivalidade por espaços, disseminando entre os grupos uma grande rixa. Dessa maneira, a prática da capoeira muitas vezes foge do campo cultural e passa a ser considerada instrumento de defesa quando alguns mestres trabalham como segurança dos magnatas do café. Vc tem conhecimento se nos confrontos dos grupos de capoeiras há registros de ferimentos graves, se há, como os mestres capoeiristas lidaram com isso?

    Eliane Aparecida Miranda Gomes dos Santos

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    1. Boa noite, Eliane!

      Grato pelas perguntas. São duas questões pertinentes a minha pesquisa.
      Em relação a sua primeira questão, acredito que existiram vários determinantes para a expansão da capoeira. No entanto, há dois fatores principais nesse processo, que foram a migração e o nascimento da capoeira show (um formato mais teatral da capoeira, que tinha como objetivo levar a arte para outras regiões e, ao mesmo tempo, levantar algum dinheiro). Tanto a migração como a prática da capoeira show, eram fenômenos produzidos devido as condições materiais de muitos capoeiristas. Esses capoeiristas viam na capoeira show e na migração uma possibilidade de melhor a vida material.
      Acerca da sua segunda pergunta, penso que o modus operandi da violência, no campo da capoeira, possui uma dimensão sócio-histórica e, justamente por isso, dependendo do recorte, ela ganha diferentes características. Em suma, a violência ganha aspectos diferenciados a depender da região, do tempo e do grupo que analisamos. Na atualidade é mais incomum a violência física, porém até a década de 90 era coisa corriqueira. Mas nunca houve consenso entre os mestres sobre o assunto, alguns viam como algo natural da prática, outros já teciam críticas sobre.

      Espero ter respondido suas questões. Agradecido pela pergunta e estou aberto a novos questionamentos e sugestões.

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    2. Comentário de: Jeferson do Nascimento Machado

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  6. Reinaldo Pereira da Silva13 de dezembro de 2018 às 11:09

    Olá Jeferson essa manifestação afro-brasileira tem algumas características educacionais que podem oferecer colaboração para o processo de ensino-aprendizagem de seus praticantes. Ela pode ser trabalhada em relação com as disciplinas do currículo escolar, sobretudo, com a Educação Física.

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    1. Boa tarde, Reinaldo! E ótima questão levantada.

      Sim, ela tem elementos que podem ajudar bastante no processo de ensino-aprendizagem. Ela pode ser uma ferramenta interessante para trabalhar no campo pedagógico, sobretudo, quando o professor estiver abordando temas como cultura afro-brasileira, história africana e mesmo filosofia. Especificamente na disciplinas de Educação Física, acredito que ela seja essencial, pois ela possui formato de autogestão corporal e de jogo, que pode ajudar muito no desenvolvimento psicomotor, dando aos alunos a possibilidade de reconhecerem seus corpos e suas possibilidades, dentro de um espaço não autoritário, logo que a capoeira tem como principio de jogo a liberdade. Desta forma, acredito que a capoeira possa contribuir, inclusive, para a formação de sujeitos não autoritário e capazes de criarem relações no mundo mediadas pelos valores da liberdade e igualdade.

      Caso tenha interesse em aprofundar o assunto, gostaria de sugerir dois texto para você. Um deles é de minha autoria e outro é do João da Matta e Roberto Freire, no qual é realizada uma interessante abordagem sobre a capoeira, levando em conta seus aspectos terapêuticos e educacionais.

      FREIRE, Roberto; MATA, João da. Corpo a corpo (síntese da soma). [S.l.]: [s.e.], 1993.
      MACHADO, J. N . A prática da capoeira: pinceladas pedagógicas, filosóficas e psicanalíticas. Pergaminho: Revista discente de Estudos Históricos , v. 07, p. 96-107, 2016.

      Espero ter consigo responder sua questão e continua aberto para dúvidas, questionamentos e sugestões.

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    2. Comentário de: Jeferson do Nascimento Machado

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