TECNOLOGIA E ENSINO DE HISTÓRIA:
NOVAS ABORDAGENS DA PRATICA DOCENTE
Andre Lisboa Lopes

Resumo:

O presente artigo pretende dar conta da reflexão sobre o uso de tecnologia no ensino de história, a partir da perspectiva do recente avanço tecnológico e da massificação do uso de dispositivos de telefonia móvel, como os smartphones, assim como o uso de internet de alta velocidade, interatividade em rede e mídias sociais. Vê-se a necessidade de reformular a pratica de ensino de história, diante dessa crescente evolução tecnológica, que permeia o cotidiano do aluno, e que está totalmente impregnada na sociedade atual, nesse contexto será abordado no texto as novas práticas de ensino voltada para a utilização de tecnologias no espaço escolar.
Palavras Chave: Tecnologia, Ensino de história, Pratica Docente e Redes Sociais.

 Introdução

A humanidade desde seus primórdios possui práticas que utiliza certas técnicas, como fazer pinturas nas paredes das cavernas, manipulação do fogo e utilizar ossos, madeira e pedras para confeccionar ferramentas de forma a melhorar sua vida, nasce nessa época o processo, que perdurou junto com a espécie humana desde os primeiros hominídeos, até o homem moderno, a tecnologia foi o fator que vez o ser humano se sobressair na escala evolutiva, desde o primeiro machado de pedra lascada e que progrediu até a criação da escrita, arco e flecha, catapultas, embarcações a vela, navios a vapor, aviões e computadores (seguindo uma concepção evolucionista do progresso da História). Essa evolução tem dado avanços consideráveis e vive em simbiose com a espécie humana (intima interação). Cada vez mais a tecnologia avançada tem estado no cotidiano das pessoas, no trabalho, nas casas e no espaço escolar e acadêmico, dessa forma é interessante analisar o quanto evoluiu essa dinâmica no espaço escolar, com as novas abordagens pedagógicas, nas novas práticas docentes e nas dificuldades que se tem em determinados momentos devido as limitações no espaço escolar e o discurso sobre o mal-uso da tecnologia no ensino e na internet.

Pratica docente

É interessante observar a forma de como é feito ensino nos dias atuais, uma série de fatores que vai desde a elaboração do currículo escolar, falta de estrutura e de repasse de verbas acabam tornando a escola o mesmo padrão de ensino do século XIX, aulas expositivas, morosas, em um espaço sem estrutura e opressivo, que tem como configuração salas muito semelhantes a celas, onde o professor é a figura central e os alunos são apenas armazenadores de conteúdo, apesar dessa ser uma característica da sociedade oral. Kenski nos diz que “Na escola os professores e alunos usam a fala como recurso para interagir, ensinar e verificar a aprendizagem. Em muitos casos, o aluno é o que menos fala. (KENSKI,2012, p.29) ”. Apesar da Linguagem oral ser a pratica fundamental da interação humana, ainda ocorre essa limitação na participação do aluno no ato da aula. Todavia, apesar das resistências de modelos tradicionais, já se observa um crescente avanço devido a mudança da sociedade para esse contexto mais tecnológico, já se tem elaboração de oficinas voltada para o ensino e tecnologia, recursos de programação para melhorar a pratica do ensino, entre outros. É importante compreender que, essas novas abordagens (pedagógicas e da pratica de ensino) constitui-se nas necessidades que se apresentam na atual conjuntura do processo social, no qual a escola está inserida, cada vez mais as pessoas do meio social, tanto da cidade quanto do campo estão aderindo ao meio informacional, que se apresenta de uma forma mais dinâmica e “simples”, diferente das formas tradicionais que possuem linguagem difícil e burocrática.

A linguagem digital é simples, baseada em códigos binários, por meio dos quais é possível informar, comunicar, interagir e aprender. É uma linguagem de síntese, que engloba aspectos da oralidade e da escrita em novos contextos. A tecnologia digital rompe com as formas narrativas circulares e repetidas da oralidade e com o encaminhamento contínuo e sequencial da escrita e se apresenta como um fenômeno descontínuo, fragmentado e, ao mesmo tempo, dinâmico, aberto e veloz.

“Deixa de lado a estrutura serial e hierárquica na articulação dos conhecimentos e se abre para o estabelecimento de novas relações entre conteúdos, espaços, tempos e pessoas diferentes.” (KENSKI, 2012, p.31-32).

Com isso, levar em conta que grande parte do meio discente possui aparelhos de telefonia móvel, como também tem uma participação ativa nas redes sociais e consomem outros tipos de interatividade com tecnologia, rede ou os dois simultaneamente, produzir uma aula se utilizando de uma abordagem pedagógica voltada para tecnologia é interessante, levando em conta que utilizar recursos didáticos que fomentam a percepção áudio visual torna a aula mais interessantes, ainda mais se utilizando de ferramentas que permeiam a vida do estudante, que é o caso dos smartphones. Outras formas de ensino nesse contexto da tecnologia é a produção de ferramentas que possibilitam o melhor aprendizado, como aplicativos voltados especificamente para o ensino, programas de computadores e criação de vídeos que podem ser disponibilizados em rede.

Outra forma de se usar a tecnologia no ensino, está em se utilizar de outras mídias, que não necessariamente está voltado para ensino, pode-se mencionar várias como filmes, series, jogos, clips musicais, histórias em quadrinhos online, e uma infinidade de elementos da cultura popular que estão disponíveis em formato digital. Que pode ser articulado pelo professor em sala de aula.

Tecnologias, redes sociais e ensino de história

Partindo do pressuposto que a os recursos tecnológicos proporcionam uma melhor percepção daquilo que está sendo exposto, como aulas ou seminários, nos permite pensar sobre a dinâmica do ensino de história, que em si é carregado de uma tradição oral, que consiste na maioria das vezes em aulas expositivas, de transmissão de conteúdo para ser decorado pelo aluno, é bem interessante a imensa gama de possibilidades que os meios digitais permitem, na ministração da aula a partir do produto didático, voltado especificamente para o ensino, bem como a utilização de outros meios que nos permitem elaborar aulas mais dinâmicas, entre esses recursos está, os filme, series, games, sites de vários tipos, entre eles acervos digitais e sites com conteúdo mais interativo (voltados para ensino de História) e muitas vezes de caráter investigativo, e também temos a redes sociais, que podem ser bem utilizados, levando em conta que grande parte da população estudantil se utiliza desse meio. Sobre os filmes e series, tem que se levar em conta a grande produção de filmes com temáticas históricas,4 nesse contexto, as utilizações dos recursos audiovisuais precisam ser bem articulados com a dinâmica de sala de aula, um filme, por exemplo, ocuparia uma aula inteira para ser exibido, nesse caso a aula deve ser pensada para mais de um dia, de maneira a ser articulada tanto no contexto do componente curricular, ministrado, para melhor aprendizado, no debate que será fomentado, na produção textual e na avaliação.

Para além dos filmes e séries, temos recursos mais interativos para ser aplicados no ensino, hoje muitas escolas já dispõem de laboratório de informática, e pode ser um recurso (Quando bem utilizado) muito produtiva no plano de aula, nele permite trabalhar a interatividade em rede para de forma mais dinâmica, o laboratório nos permite trabalhar por exemplo os arquivos de acervos digitais, onde podem ser baixados fontes de pesquisas, para ser usados em oficinas, trabalhos em sala de aula e seminários, ou para ser vetor de debates críticos durante as aulas. Outros tipos de sites permitem trabalhar outras dinâmicas de ensino, como as páginas que fazem webquests, e outras formas de interatividade relacionada a investigação voltadas para história. Nas outras mídias sociais como o facebook e sites de postagem de vídeos como, o youtube também podem ser utilizar para incrementar uma aula de História, os memes é uma abordagem bem curiosa, devido sua linguagem ser bem fácil, e o conteúdo ter um tom mais descontraído e de certa forma irônico, a inúmeras páginas no Facebook que pode ser utilizada, pois possuem uma temática especificamente mais histórica, assim como o professor pode se utilizar desse espaço que faz parte da vida do aluno, para fazer com que ele mesmo produza memes de conteúdo histórico, uniria o conteúdo absorvido pelo mesmo, com algo da vivencia, nesse caso, dinamizaria a pratica do ensino, assim como a utilização dos vídeos do youtube (na produção ou utilizar vídeos já existentes) da mesma forma que o meme.

Problemáticas

A tecnologia da mesma forma que beneficia de maneira incomensurável, a vida das pessoas, como foi dito no começo desse artigo, é uma ferramenta como o machado de pedra que facilitou a vida dos primeiros hominídeos, todavia, assim como nos outros aspectos do cotidiano das pessoas, existem diversas problemáticas com o uso da tecnologia na pratica do ensino:

1) Estrutura: O recurso do laboratório de informática tem se espalhado pelas escolas no Brasil, porém não são em todos os lugares que esse recurso chega, existe escolas que nunca sequer teve contato com o computador.8 Outro problema é à má utilização desse recurso, devido à falta de capacitação dos professores, depredação desse espaço, que muitas vezes por falta de verba e cuidado acaba sendo sucateado.
                              
2) Riscos: O mundo vive nos dias atuais uma avalanche informacional, a internet desde sua invenção na década de 60, mais que tomou grande proporção nos anos de 1995, vem tomando o espaço social em alta escala, cada vez mais pessoas no mundo tem utilizado os recursos da rede informacional, porém esse recurso também tem se mostrado um risco para os usuários.

Com o avanço também veio os males dessa avalanche, ações criminosas como ataques de hackers, falta de moderadores que, possibilitam o acesso ao público para material de improprio. No âmbito do ensino, existe certas problemática relacionadas ao uso da rede, hoje em dia é comum a pratica de Ciberbullying,10 que é muito comum hoje em dia no meio escolar.

Considerações finais

Em síntese, a pratica do ensino é um campo que pode ser articulado de várias maneiras, para além dos modos tradicionalista, a perspectiva que o avanço tecnológico, abre um horizonte de possibilidades que mescla o ensino como um todo à vivencia do aluno, a revolução informacional tem transformado de forma ligeira as formas tradicionais obsoletas, e abrindo para uma gama de possibilidades, graças a inevitabilidade do processo.

Bibliografia

BRESCIANO, Juan Andrés. Los estudios históricos en la sociedad de la información. In: BRESCIANO, Juan Andrés, GIL, Tiago (compiladores). La Historiografía ante el Giro Digital: Reflexiones teóricas y prácticas metodológicas. Montevideo: Ediciones Cruz del Sur, 2015, pp. 13-40.
FERNANDES, Elizangela da Rocha; ZITZKE, Valdir Aquino. A Evolução da Técnica e o Surgimento da Tecnologia no Contexto Econômico e Educacional. Goiás: Anais do III Congresso Internacional de História da UFG/ Jataí: História e Diversidade Cultural. Textos Completos, 2012.
GIOVANNI, Adaiane. As tecnologias no contexto educacional e a necessidade de se pensar.com. In: MARTINS, Cristiane Pereira, OLIVERIA, Márcia Ramos de, MOREIRA, Igor Lemos, MUCELIN, Patrícia Carla. História e Tecnologia: diálogos entre pesquisa e ensino. Florianópolis: Editora UDESC, 2017, pp. 05-14.  
KENSKI, Vani Moreira. Tecnologias também servem para informar e comunicar. Educação e Tecnologias: o novo ritmo da informação. Campinas, SP: Papirus, 2012.
MAYNARD, Dilton C.S. Memórias do Segundo Dilúvio: uma Introdução à História da Internet. Cadernos do Tempo Presente, n.04, 04 de julho de 2011.
SANTHIAGO, Ricardo (org.). História Pública no Brasil: Sentidos e Itinerários. São Paulo: Letra e Voz, 2016, pp. 149-163.

10 comentários:

  1. Boa tarde, André. Como superar o problema tecnológico que muitas escolas públicas sofrem?
    Além disso, no decorrer de sua pesquisa, qual conclusão você obteve da formação de professores, visto que geralmente não se apresente e nem se tem experiência do uso das TIs no decorrer de uma licenciatura?

    Comentário de: Nikolas Corrent

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    1. Olá, Nikolas Corrent. Muito obrigado por ler meu texto! É bem interessante a primeira parte da sua pergunta, sobre superar os problemas tecnológicos nas escolas públicas, durante minha pesquisa para a elaboração desse texto, acabei me deparando com esse questionamento, pelo motivo de eu ter passado meu ensino básico em escola pública e periférica, acabei não tendo a oportunidade de acesso à tecnologia (no espaço da escola, para fins didáticos). Apesar disso, é importante levar em consideração o imenso horizonte de possibilidades e alternativas, que podem suprir a todas essas dificuldades que a gente, como profissional de ensino passa no ensino público. Entre as alternativas, está em se utilizar das ferramentas que estão ao nosso alcance, e que não necessariamente precisa fazer parte do espaço físico da escola. De forma mais simples, nós como profissionais do ensino podemos nos dispor a utilizar uma ferramenta bem dinâmica e acessível, que é o smartphone! A uma infinidade de conteúdo que podemos utilizar com o aparelho de telefonia móvel, como por exemplo: Hipertextos, vídeos, tutoriais, livros digitados, sites com conteúdo direcionado ao ensino e até mesmo jogos, que nos permite fazer uma infinidade de intervenções pedagógicas que dinamizariam e proporcionaram uma melhor aula. Mas se no caso, ainda sim o problema for a extrema falta de recurso tecnológico, como acontece no espaço rural, bem no interior, podemos utilizar uma prática que apesar de não seguir uma utilização física de um meio digital, absorve elementos que vem de conceitos do meio digital e informacional, essa prática se chama gameficacão, que consiste em transformar a aula numa espécie de game, onde se atribui tarefas e trabalhos que podem gerar créditos para ser atribuído nas avaliações, como um vídeo-game.
      Sobre a outra parte da sua pergunta, minha conclusão é que, na atual conjuntura da sociedade que vivemos, é problemático a falte de TIs na formação do professor, mesmo assim, apesar de uma série de fatores que torna a prática docente tão desleixado na grande maioria das vezes no ensino básico, a nossa profissão nos permite ter a possibilidade de buscar nessas novas perspectivas uma forma de melhorar a prática do ensino.
      Agradeço a pergunta.
      Att.
      André Lisboa

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  2. Olá André. Seu texto possibilita reflexões entre educação, tecnologias e escola, porém sempre fica o questionamento como mediar o uso dessas novas tecnologias amplamente acessível as crianças e jovens e a produção de conhecimento?

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    1. Olá José Humberto. Obrigado pela pergunta! Como eu disse em resposta a pergunta acima, as novas tecnologias são ferramentas extremamente poderosas em todos os sentidos. Para o ensino, o leque de possibilidades são muito vastos, pensar que o meio informacional e tecnológico tem íntima relação com a grande maioria do meio escolar e social, devido a massificação do uso de celulares, nós possibilita pensar nas inúmera formas de pensar a produção do conhecimento se utilizando desse meio.
      Exemplificando, nós dias de hoje temos uma grande popularização dos memes, é uma forma de transmissão de conteúdo muito eficaz, quando utilizado com responsabilidade, e pode ser feito por alunos, desde que tenha um professor que seja moderador do conteúdo do meme, que pode ser postados em redes sociais para servir de auxílio nos estudos de outros alunos. Além de outras formas de produção.

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    2. Me perdoe, esqueci de me identificar!
      Att.
      André Lisboa.

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  3. Boa tarde André, a utilização de livros didáticos na sala de aula é uma realidade existente há muito tempo, sendo uma ferramenta bastante utilizada pelos alunos e também pelos professores no processo de ensino e aprendizagem. Com o avanço da tecnologia e os diversos meios possíveis que ela proporciona para o ensino, podemos pensar que os livros didáticos em um futuro próximo podem se tornarem obsoletos, ou é possível manter um equilíbrio entre o livro didático e o uso das tecnologias no espaço escolar?

    Comentário: Rodrigo Salmazo Mazzarão.

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    1. Olá, Rodrigo Mazzarão. Obrigado pela pergunta! Bom, Rodrigo eu ainda sou muito adepto dos livros físicos, sendo didáticos ou não, mas ainda sim, se levar em conta a inevitabilidade do processo, pode sim ser capaz do livro didático se torna absolutos, cada mesma forma como existe uma possibilidade futura de nos deparamos, como profissionais de História, com a desnecessidade de irmos até acervos ou arquivos, devido a digitalização das fontes. Ainda sim creio na possibilidade de manter um equilíbrio entre o uso do meio digital e os livros didáticos, sabe como é! A tecnologia pode ajudar muito, mas ainda sim não é confiável.

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  4. Boa tarde, André! Excelente abordagem sobre o uso de novas TIs. No texto você apresenta a nessecidade de "produção de ferramentas" pedagógicas, nessa sua atividade foram criadas ou reproduzidas algumas? Como foi a aplicação delas em sala de aula?
    Siméia de Nazaré Lopes

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    1. Boa noite, prof. Siméia Lopes! Eu agradeço por você ter gostado da minha abordagem. Não tive a oportunidade de criar ou reproduzir alguma ferramenta pedagógica, que seguisse uma lógica voltada para as novas tecnologias, não efetivamente!
      Recentemente tive a oportunidade, durante meu estágio, de observar uma dinâmica envolvendo o uso simples dos celulares dos alunos na sala de aula. O professor que eu acompanhava passou uma atividade, onde ele permitia a pesquisa na internet, porém, durante a atividade eu tive a participação de junto dos alunos debater e problematizar a informação que eles tiravam na internet, com o conteúdo ministrado nas aulas e o conteúdo do livro didático.
      Exemplificando o que quero dizer, é que a tecnologia abre uma infinidade de possibilidades para a prática do ensino, e existe uma necessidade do profissional da docência em se adequar a essas novas abordagens, mesmo que muitas vezes não temos na nossa formação um componente curricular voltado para as TIs.
      Em síntese, a pratica da docência apesar de, na conjuntura atual, ainda seguir uma lógica de mercado e ser voltada para atender uma demanda de vestibular, ainda sim o professor pode se utilizar dessas ferramentas que no período em que estamos, muitas vezes está intimamente ligado a realidade do aluno, cabe a nós saber mediar.
      Att.
      Andre Lisboa.

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  5. Parabéns pelo texto, muito pertinente suas análises. A pergunta é como inserir as tecnologias digitais no Ensino de História e facilitar o ensino-aprendizagem dos estudantes?

    PEDRO HENRIQUE LIMA PEREIRA MAIA
    pedro_maia18@hotmail.com

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