NACIONALISMO:
UM FENÔMENO HISTÓRICO E SOCIAL
Megi Monique Maria Dias
Precursor da história cultural, o
romantismo alemão influenciou o nascimento da nação, levantando a problemática
histórica de ter se configurado como um movimento de reação ao pensamento
iluminista que tendia a adaptar as teorias, e, não necessariamente, mudar a
realidade. No século XIX, a principal discussão se dá em torno do projeto
nacionalista, ou seja, da disseminação de ideologias que buscavam atuar como
protagonistas do desenvolvimento do capitalismo em sua nova fase de
desenvolvimento.
O nacionalismo está conformado em
perspectivas imperialistas e racistas, e tem a finalidade de provocar mudanças
sociais no sentido de controlar a natureza, já que esta pode ser re-criada.
Estudar a natureza do desenvolvimento da história da cultura e da história
política da Alemanha significa pensá-las em âmbitos distintos entre os séculos
XVIII e XX. A história da cultura e a história da
política determinam as singularidades e variedades dos nacionalismos nas
sociedades-Estados, sobretudo, no que tange as preocupações com o indivíduo e
com a Nação-Estado.
A tradição nacional possibilitou a
emergência do nacionalismo, isto porque a valorização do eurocentrismo,
enquanto enunciativo de civilização, progresso e modernidade, foi visível até o
fim da Segunda Guerra Mundial (1937-1945) quando, mediante o estado caótico da
civilização europeia, foi possível valorizar o diferente. Neste sentido, após-45,
a fragmentação dos preceitos de civilização - oriundos da Europa - corroborou para o movimento que permitiu às
identidades nacionais se abrir para as identidades culturais, havendo assim uma
liberação da teoria de seu âmago eurocêntrico, cujo reconhecimento das culturas
passou a exigir a compreensão do fato de que nenhuma cultura é superior a
outra.
A solidificação do nacionalismo
estimulou a criação de símbolos, de mitos e heróis da nacionalidade, de acordo
com o sociólogo Norbert Elias (1997), “são assim criadas disposições às quais
elites dominantes reais ou potenciais podem recorrer, mediante o uso de
símbolos deflagradores apropriados, quando julgam estar em perigo a integridade
de sua coletividade” (ELIAS, 1997, p. 148). Assim, para efetivar uma nação é
necessário que ela seja imaginada no nível da política e da cultura
(literatura, imprensa, institutos, etc.), de onde se reivindica uma ideologia
social para a nação.
No Brasil, o debate sobre o processo de
formação da nacionalidade está aberto. Os problemas que se seguem em torno do
debate da questão nacional atravessaram diversos questionamentos, como por
exemplo, o fato de que em algumas circunstâncias os sujeitos não se sentem
representados pelos discursos elaborados. Fazer a crítica aos tipos de
nacionalismos é uma maneira de compreender como ele vem sendo praticado.
Nacionalismo:
uma herança do movimento romântico alemão
A herança do movimento romântico alemão
configura o nacionalismo como uma tradição apropriada para se apresentar
enquanto ideologia social capaz de fundar uma nação, isto, posteriormente,
provocou o desencadeamento desse modelo político em outros, Estados-Nação. São
várias as características presentes no discurso nacionalista, dentre elas estão
questões de raça e classe. Modernizar o passado de um povo implica reconhecer
seus usos e construir para ele um futuro comum que, “simbolizado pelo conceito
de "progresso", assumisse em suas crenças o caráter de um ideal pelo
qual se podia lutar com inteira confiança em sua realização final” (ELIAS,
1997, p. 128).
“Os homens da intelligentsia (...) alemã conservaram,
com a ajuda de um conceito amplamente humanista de cultura, seu amor-próprio,
sua integridade pessoal e o sentido de seu próprio valor em face de um
crescente sistema de crenças nacionalistas que, com renovado vigor, colocava o
Estado e a nação acima de todos os outros valores, na escrita de história e em
muitas outras áreas”. (ELIAS, 1997, p. 124).
O
processo de formação da sociedade moderna, culminou com a tentativa de mudar o
passado alemão, fazendo com que parte da classe média educada com preceitos
liberais, o mais novo esteio da intelligentsia,
amparasse suas convicções particulares através da utilização de um conceito
“amplamente humanista de cultura” que subsidiava o ascendente “sistema de
crenças nacionalistas”, nos termos de Norbert Elias. O sentimento comum, e a
crença no valor da sociedade que os indivíduos formam uns com os outros em
relação a “nação”, fez com que o nacionalismo viesse a se configurar como uma
potente “crença social” (ELIAS, 1997, p. 141). Os estudos sociológicos sobre a
formação e desenvolvimento do Estado nas sociedades de ideais nacionalistas
pensam o nacionalismo como um fenômeno social, com ideais comuns em sociedades
em estágios particulares de desenvolvimento, sobretudo, as grandes
sociedades-Estados industriais nos século XIX e XX.
A
busca pela soberania e manutenção do poder no século XX e as transformações na
estrutura política de um Estado aristocrático-dinástico para um Estado nacional
do tipo democrático provocou o desencadeamento do desenvolvimento de um código
normativo dual e antagônico das nações-Estados. Algumas razões para a produção
de um duplo código cujas exigências são contraditórias são decorrentes do fato
de que, se por um lado, o código moral afirma ser o homem um valor supremo, por
outro, o código nacionalista (ranço da herança da tradição aristocrática) está
calcado no valor supremo de uma “coletividade – o Estado, o país, a nação a que
um indivíduo pertence”. (ELIAS, 1997, p.146).
“Dentro dos preceitos da filosofia moral, percebe-se que a
mudança do ethos absolutista para o ethos nacionalista, provocou o fato de
que a coletividade soberana passou a ser assimilada por cada individuo como
parte de seu habitus que em alguns
casos deve sobrepor-se aos outros” (ELIAS, 1997, p. 148).
É importante lembrar que o passado se constitui enquanto
importante elemento de disputa do poder, entretanto, no século XIX, a época das
Nações e dos Nacionalismos será do futuro, do horizonte de expectativa, que dá
lucidez ao presente/passado. Reinhart Koselleck (2006), em Futuro Passado: contribuição semântica dos tempos históricos propõe
um debate acerca da temporalidade histórica e sobre as alternativas de história
surgidas no período moderno. Para ele, com a determinação do tempo, rompe-se a
compreensão tradicional da história, fazendo com que o passado perca sua
capacidade de servir como base para analogias. Na busca pela reformulação dos
modos de tratar o passado, a exemplaridade é rechaçada.
Uma
das exigências do pensamento nacionalista foi o de cada vez mais exigir a
glorificação do passado nacional. As apreensões que envolvem a escrita da
história indicam que na elaboração e realização de seus procedimentos
científicos a relação temporal estabelecida entre presente/passado/futuro se
caracteriza como ponto crucial para a compreensão da construção de uma
consciência para determinada coletividade humana. A modernidade, ao perder sua referência,
passa por um novo momento de constructo temporal capaz de interagir passado e
futuro apreendidos como espaço de experiência e horizonte de expectativa.
A
obra de Reinhart Koselleck (2006) defende a ideia de que a história somente se
tornou disponível ao homem quando do ponto de vista histórico-linguístico as
várias histórias – historie, se transformaram em uma única história –
geschichte – indicando a existência de um novo espaço de experiência e um novo
horizonte de expectativa. Ou seja, a história em si, esse singular coletivo –
geschichte reunia a soma de uma realidade e a reflexão sobre esta realidade. Neste
sentido, os intelectuais engajados nessa atividade de impulsionar o nacional se
configuravam como porta-vozes da esperança e da confiança de um futuro melhor.
Foi num contexto de crise nacional, de tentativa de
alteração dos sentimentos de inferioridade e humilhação causados por imposições
do Tratado de Versalhes, e, contando com o imenso apoio social (de parte das
elites alemãs, da classe média e das massas trabalhadoras) o nacional-socialismo se
consolidou rapidamente como alternativa política para a organização do mundo
social. Em “Os Alemães – a luta pelo
poder e a evolução do habitus nos séculos XIX e XX”, Norbert Elias tenta
trazer em seus debates um estudo sobre a imagem que os alemães possuem de si
mesmos em relação aos excessos da política nazista. Neste sentido, sua pesquisa
é útil para as interpretações dos aspectos de controle desta política que fora
legitimada tangencialmente pela reclusão e execução de grupos sociais
considerados ‘problemas’ para o desenvolvimento social, político e cultural do
povo alemão e da nação alemã.
No centro da doutrina de Adolf Hitler estavam lado a lado silenciamento e violência,
características presentes na psicologia da nação e que aos poucos contribuiu
para que o nacionalismo, consolidado num processo de longa duração, modificasse
a personalidade e o comportamento do povo alemão.
A influência das observações de Norbert
Elias, sobre a mudança na personalidade do povo alemão mostra como a
nacionalidade se tornou uma referência de definição (e portadora das mesmas
características), onde os indivíduos compartilham o mesmo habitus, priorizam a forma como os indivíduos se organizam e se
definem em relação aos valores de pertencimento de seus grupos e de uma nação,
“um indivíduo é sempre membro de grupos” (ELIAS, 1997, p. 28).
Tais
transformações puderam ser percebidas na formação de um habitus nacional que vai se concretizar com a Segunda Guerra
Mundial (1939-1945). Cada cultura tem uma forma de
civilização diferente, desta maneira, compreender o processo civilizador como
um habitus de nos civilizar é uma
forma de entender a formação da sociedade moderna, bem como o fato de que são
os nacionalismos que formam a nação, “um ser coletivo forjado num contexto mais
amplo das individualidades” (ELIAS, 1997).
O nazismo, legitimado pelo
desenvolvimento da formação dos Estados nacionais, desenvolveu mecanismos de
naturalização de distinção social capaz de suscitar intolerância, estereótipos,
preconceitos e a desumanização do inimigo. O ápice do movimento nacionalista na
Alemanha foi o nazismo, que em vias de legitimação se apoiou em concepções
sobre a raça para se legitimar como modelo político, principalmente através das
perspectivas do racismo científico. É certo que as definições que subsidiavam o
nacionalismo afetavam àqueles que não possuíam hereditariedade alemã.
O cenário
da ascensão de Adolf Hitler contou com a mobilização das massas que buscavam um
líder, e que em consonância com suas reivindicações pudesse - através de
estratégias bélicas e diplomáticas - sanar suas necessidades comuns. A massa de
trabalhadores participou amplamente desse movimento que também incluía,
inicialmente, a participação de numerosos sujeitos, dentre eles: judeus, negros
e ciganos, estes, por sua vez foram expurgados do regime quando a
degenerescência se tornou uma preocupação para a manutenção da pureza racial,
quando se passou exigir a comprovação da ancestralidade e da hereditariedade,
ou seja, as “linhas contínuas de descendência” ariana tornando crítica a situação destes
sujeitos (ELIAS, 1997, p. 25).
As discussões que contestam o racismo
científico podem ser percebidas na própria exacerbação do nacionalismo, como
por exemplo, as prerrogativas de comprovação da hereditariedade como um dos
critérios para as execuções do genocídio nazista. O desenvolvimento de
elementos específicos da cultura política alemã pautada na teoria racial em seu
processo de racionalização (racismo científico) e sistematização do regime e de
suas frentes de guerra demonstra que o nazismo era fruto do partido nazista, ou
seja, uma responsabilidade da história política e social dos alemães.
As questões de ciência, ideologia, o
papel dos intelectuais, bem como da cultura política do Estado nacionalista são
algumas ferramentas que viabilizam o pensamento crítico sobre os desdobramentos
da modernidade e suas leis. Refletir sobre a tradição do romantismo alemão é
fundamental na nossa tentativa de pensar as teorias culturais que viabilizaram
o processo de construção da identidade nacional.
Considerações
Finais
Nossa preocupação neste trabalho consistiu em perceber em
que medida as heranças do romantismo alemão contribuíram para a formação do
nacionalismo. Para tanto, consideramos importante retomar algumas discussões do
processo de construção da identidade nacional. Refletir sobre a maneira como a história se
constrói diante da luta pela representação do mundo social e edifica discursos
é estar atento para as experiências e
para os limites da produção das coletividades humanas em sua dimensão
sócio-cultural. A colaboração dos Estados nacionais em seu apelo modernista
acabou estimulando a construção da identidade nacional, cujo novo homem rompeu
com o natural.
Os debates sobre o desenvolvimento da
cultura nacional surgiu com os românticos no século XIX e envolveu a
problemática da nacionalidade que se apresenta como um importante debate da
história. Superar o tradicional dando abertura para a disseminação do moderno
foi uma das principais questões embutidas nestes debates. Muito embora a
tradição fosse compreendida no âmbito da cultura como o elemento de permanência
e de referência para a formação da identidade nacional, é preciso considerar,
por exemplo, o fato de que, no Brasil, a nossa tradição intelectual sofria
influências dos padrões europeus, muito mais do que nacionais.
Entender a nação como um evento
histórico consiste em perceber os problemas que seguem em torno do debate da
questão nacional, que, por sua vez, está atravessada por diversos
questionamentos, como por exemplo: o fato de que em algumas circunstâncias os
sujeitos não se sentem representados pelos discursos elaborados, por sua vez
enrijecidos pelo discurso nacional, cujos movimentos dos corpos se limitam a
reproduzir uma determinada ordem social e/ou nacional.
O passado conforma possibilidades de
história, no entanto, aquele que ‘triunfa’ conquista o direito de dizê-lo.
Aquilo que se oculta nos discursos também gera história, principalmente, quando
pensamos os processos de construção ideológica que sistematizaram determinadas
realidades ‘legitimadas’ que articuladas aos discursos políticos adquiriram
‘legitimidade’. Neste sentido, perceber o processo de construção e legitimação
do discurso nacional, é compreender que o trabalho histórico também produz
sentidos.
REFERENCIAIS BIBLIOGRÁFICOS
Megi Monique
Maria Dias: Mestre pelo Programa de Pós-Graduação
em História da Universidade Estadual do Centro-Oeste (UNICENTRO/GUARAPUAVA/PR);
Graduada em História pela Universidade Estadual do Centro-Oeste
(UNICENTRO/GUARAPUAVA/PR); Especialista em Educação pela Universidade Estadual do Centro-Oeste (UNICENTRO/ GUARAPUAVA/PR);
(UNICENTRO/GUARAPUAVA/PR); Especialista em Educação pela Universidade Estadual do Centro-Oeste (UNICENTRO/ GUARAPUAVA/PR);
ELIAS,
Norbert. Os alemães: a luta pelo poder e
a evolução do habitus nos séculos XIX e XX.Rio de Janeiro: Jorge Zahar,
1997.
KOSELLECK, Reinhart. Futuro Passado: contribuição semântica dos
tempos históricos. Rio de Janeiro: Contraponto –PUC/Rio, 2006.
Parabéns pelo seu texto. Quando você afirma que "o fato de que em algumas circunstâncias os sujeitos não se sentem representados pelos discursos elaborados" podemos pensar, também, o espaço escolar como ponto decisivo para o desenvolvimento de um sentimento nacionalista ou da ideia de Nação?
ResponderExcluirAthos Matheus Da Silva Guimarães
Olá, Athos Matheus.
ResponderExcluirÉ claro que o espaço escolar também pode ser compreendido como um lócus de desenvolvimento de um sentimento nacionalista. Historicamente a escola pública brasileira, foi compreendida como espaço de disseminação e legitimação das ideologias propostas pelo Estado, dentre elas, o próprio nacionalismo, exemplo disso, o hasteamento da bandeira, cantar o hino nacional, etc. Diante disso, podemos apontar outra questão sobre o modelo de escola pública que o Estado brasileiro vem propondo para os filhos dos trabalhadores. Assim, no contexto atual, podemos, por exemplo, refletir sobre a "Escola sem partido", tal projeto demonstra qual o caminho que a escola pública deve seguir, ou seja, a do silenciamento dos conflitos que sempre foram fomentadores da história da formação social brasileira, bem como, gerar um esvaziamento da dimensão crítica da formação pedagógica do aluno da escola pública brasileira.
Boa Noite Megi
ResponderExcluirParabéns pelo texto, gostei muito e achei bem direto e interessante
Tenho duas questões sobre o texto:
1) O texto fala em grande parte do fenômeno do nacionalismo e suas origens na Alemanha. Você acredita que a unificação tardia da Alemanha, relativamente em comparação com o resto da Europa, influenciou o surgimento e fortalecimento do nacionalismo? E em outros países europeus de unificação tardia, como a Itália, o processo foi semelhante?
2) No texto, baseando-se nas constatações e estudos de Koselleck, você aponta como o surgimento do nacionalismo vem junto com a nova percepção de um estudo da história coletiva e unificada de um povo, a noção de geschichte e o entendimento do passado. Sendo esse termo mais presente no estudo e na produção historiográfica ocidental, você acredita que no surgimento de nacionalismos nos países do oriente e da Ásia haja uma nova perspectiva histórica semelhante a geschichte? Caso não, você acredita que o surgimento do nacionalismo, da maneira aqui conceituado, esteja exclusivamente e necessariamente ligado a uma percepção histórica?
Agradeço a atenção
Lucas Almeida Fernandes
Olá, Lucas.
ResponderExcluirObrigada pela leitura e considerações. A unificação tardia da Alemanha favoreceu para o fortalecimento de um projeto específico de nacionalismo e nação, sabemos que uma das principais consequências do processo de unificação foi a criação do Império Alemão (II Reich), é certo que, essa modificação provocou alterações do poder na Europa no final do século XIX, de onde pode-se perceber o surgimento da Alemanha como potência econômica e militar. Com relação a unificação da Itália, podemos observar que assim como
o processo alemão, ela foi um processo tardio e esteve ligada ao desenvolvimento
do capitalismo industrial.
Com certeza, o surgimento do nacionalismo está ligado à uma percepção histórica de uma dada realidade política e social. Sobre a aproximação histórica entre o conceito geschichte e os nacionalismos praticados nos países do Oriente e da Ásia, seria necessário um estudo mais
aprofundados para que pudéssemos pontuar sobre o debate em questão sem cometermos
anacronismos quanto aos processos de legitimação da nação e do nacionalismo em outras regiões do mundo. Fato é que, após o fim da Segunda Guerra Mundial (1945), acelerou-se o processo de descolonização dos diversos países da África e da Ásia que pertenciam a impérios coloniais europeus. A descolonização desses continentes resultou em alguns fatores como: longa luta dos movimentos nacionalistas afro-asiáticos, que buscavam a independência política de seus povos; bem como, o enfraquecimento da Europa do pós-guerra, que tornou difícil a manutenção da dominação colonial na base da força e da violência. Os movimentos nacionalistas na Ásia e Oriente podem ser representados principalmente, pelas disputas e interesses geopolíticos.