PROJETO DE MONITORIA “TEORIA E METODOLOGIA DA HISTÓRIA”: NOTAS INCIAIS DE UMA EXPERIÊNCIA NO ENSINO.
Siméia de Nazaré Lopes
Arthur Bezerra Monteiro
João Tavares Noronha Neto

Introdução:

O projeto de monitoria voltou-se para o fomento das discussões teórico-metodológicas no campo da História, e de modo mais preciso através do acompanhamento da prática pedagógica presente nos planos das disciplinas de Teoria da História e de Metodologia da Pesquisa em História (na qual a coordenadora do projeto é concursada). Além da vivência cotidiana durante as disciplinas, também optamos por sociabilizar os nossos debates através da realização de minicursos ao longo do segundo semestre de 2018, os quais serão destinados aos discentes do curso de Licenciatura em História ofertado no Campus Universitário de Ananindeua da UFPA. Esse artigo apresenta uma breve discussão sobre os referenciais que utilizamos em nossas orientações, a perspectiva que o projeto de monitoria visa apresentar aos discentes-monitores e os desdobramentos que estão previstos para o primeiro semestre de 2019.

Atendendo às discussões atuais sobre a reflexão da prática docente e as tensões vivenciadas no ambiente escolar, essa proposta visava promover, em diferentes momentos, debates mais específicos sobre o campo da História em seus fundamentos teórico e metodológicos, compreendendo a importância dos mesmos para o amadurecimento das atividades didáticas que os bolsistas de monitoria realizaram, bem como o estreito diálogo com a prática pedagógica, ponto privilegiado no processo de formação dos licenciados em História. Cabe ressaltar a relevância dessa experiência para a professora coordenadora do projeto, tendo em vista que a dinâmica presente nas reuniões-orientações de monitoria são diferenciadas quando comparadas aos projetos de pesquisa e de extensão também desenvolvidos na faculdade.

O PPC da Faculdade de História apresenta a autonomia profissional como um dos procedimentos a serem alcançados a partir da articulação entre a pesquisa e o processo de construção do conhecimento histórico. Nesse sentido, fomentar, de maneira contínua e dialogada, o debate de questões pertinentes aos fundamentos teórico-metodológicos da História, atentando para a relação intrínseca entre a pesquisa e o ensino, e valorizando a discussão de bibliografia recente da área são alguns dos fatores que se buscou alcançar nesse projeto de monitoria.

As atividades propostas e executadas durante a monitoria configuraram a perspectiva de estimular a formação contínua dos discentes-monitores de História no que diz respeito às discussões teórico-metodológicas da área, com vistas a oportunizar aprendizagens concretas sobre a prática docente ainda no processo de sua formação acadêmica. Assim a “complexidade do ato pedagógico” pode ser experimentada no ambiente em que o monitor-discente irá atuar depois de formado, mas também percebê-los como profissionais reflexivos, ou como afirma Zeichner (1993), estimular o pensar constante sobre a sua prática pedagógica e refletir sobre a sua própria ação.

Apesar de Bittencourt (1997) ter afirmado que a formação dos docentes, em sua maioria, inicia e termina na graduação, hoje percebemos que os programas de pós-graduação profissional vieram para assegurar uma qualificação docente continuada em que pesa a reflexão sobre o seu espaço de atuação e a sua prática docente. Para Lüdke (1998), a constante “mudança na própria cultura do trabalho de pesquisa” e a apresentação de novas abordagens e perspectivas de ensino são alguns dos desafios que os professores se deparam em seus espaços de atuação, pois a diversidade de propostas de pesquisa e o espaço escolar onde possam desenvolver suas pesquisas possibilitam ao professor-pesquisador atentar para as tensões e os problemas vivenciados no espaço escolar como objeto de pesquisa. Pensado nessa importância e necessidade de reflexão sobre a prática docente no seu lócus de atuação que o projeto de monitoria visa focar.

Ao se discutir sobre a importância do professor-pesquisador no espaço de sua atuação cria-se a possibilidade do diálogo como principal instrumento de articulação entre o planejamento pensado para a monitoria e a sua interação com a dimensão política da educação. Para Terezinha Rios (1994), a educação reflete uma determinada estrutura social, a qual é constituinte da prática dos educadores que possuem uma função técnica e política (teórica e prática). A função técnica para garantir a apreensão do saber pelos sujeitos e a política por articular o saber pedagógico com a totalidade do social. Nesse sentido, a prática educativa, por meio do projeto de monitoria, visa, tal como na visão de Paulo Freire (1998), formar o docente e preparar o cidadão para a vida, para emancipação. Nesse sentido, o planejamento do projeto de monitoria se constitui na leitura e discussão sobre os referenciais teórico-metodológicos da disciplina de referência com a sua contextualização aos conteúdos e problematizações da escola como uma instituição social. Esse projeto não se resume à leitura de teóricos mas à reflexão sobre como se elabora a transmissão do saber sistematizado, na observação crítica sobre a didática da história e na apreensão e construção do conhecimento científico que será aplicado no ambiente escolar.

Com isso, a promoção do diálogo entre as pesquisas em curso, desenvolvidas pelos discentes, e os textos referenciais no campo da História, podem auxiliá-los também na fundamentação das atividades de escrita dos Trabalhos de Conclusão do Curso (TCC). O que incentiva o constante diálogo entre a pesquisa e o ensino de História ao longo dos debates teóricos a serem desenvolvidos durante a monitoria, mas também ao longo de sua formação.

O pensar e refletir sobre a monitoria

O início das atividades de monitoria consistiu em repensar o planejamento do projeto selecionado no edital da PROEG-UFPA que foi elaborado de forma individualizado, mas que não havia cotado com a colaboração dos monitores. Nesse sentido, o debate para construir nosso plano de atuação pautou-se no que nós esperávamos como resultado concreto para essa experiência. Os monitores passaram a atuar auxiliando a coordenadora do projeto na elaboração do material didático a ser utilizado em sala de aula, na escolha e sistematização da bibliografia que será discutida nos encontros com os discentes, e na orientação das atividades de síntese e análise, as quais deverão ser realizadas ao final do projeto.

Como resultado do projeto de monitoria, esperava-se o aprofundamento das leituras sobre os procedimentos teórico-metodológicos do campo da História, em diálogo com as atividades de pesquisa desenvolvidas pelos alunos do curso. Em nossas reuniões de orientação, a problemática que embasava as inquietações dos monitores era “como trabalhar essas abordagens na educação básica?”; “que conteúdos farão parte da nossa seleção didática como professores?”. O enfoco pensado foi reforçar a ideia de que o domínio sobre os conceitos históricos deve ser articulado com a fundamentação da disciplina para o ensino, mas buscar questionar sobre como se apresenta a consciência histórica predominante no ensino fundamental e médio.

Para a conclusão do projeto, pretende-se ampliar os momentos de debate para além das disciplinas da cadeira de Teoria e Metodologia da História, mediante a realização de minicursos, aprofundar a discussão sobre matrizes teóricas e procedimentos metodológicos da pesquisa na área, e como esses debates marcam presença nas dinâmicas de ensino-aprendizagem. A escolha dos temas a serem trabalhados, por sua vez, irá dialogar com interesses de pesquisa já apontados pelos discentes em atividades que já foram desenvolvidas com eles, como professora da cadeira. Desse modo, o que se projeta é a qualificação do debate do campo da pesquisa em História e o embasamento teórico-metodológico das atividades de pesquisa desenvolvidas pelos estudantes.

Para além da atuação no auxílio a essas atividades, compreendo que a participação dos discentes-monitores neste projeto contribuirá para sua própria formação profissional, seja no que diz respeito aos planejamentos das atividades didáticas que serão desenvolvidas, seja na discussão prévia da bibliografia voltada para Teoria e Metodologia da História, de modo que sua inserção no projeto contempla questões centrais da monitoria como experiência de formação profissional dos estudantes da UFPA.

Considerações iniciais

Uma formação profissional docente para além do ambiente universitário visa possibilitar aos discentes-monitores do curso uma experiência ampla sobre os processos de ensino-aprendizagem, os quais não são possíveis de serem explorados apenas na sala de aula e nas discussões teóricas durante a sua formação. É justamente essa formação ampla e qualificada que se espera das atividades que integraram o projeto de monitoria “Teoria e Metodologia da História”. As propostas apresentadas nesse projeto se articulam com as demandas e resoluções de ensino que estão presentes no PPC do Curso de História, o que permitirá aos discentes realizar a integralização curricular dessas ações aos créditos previstos nas Atividades Acadêmicas Complementares, bem como adquirir competências especiais, além das prescritas na matriz curricular. Outrossim, é necessário destacar a cooperação que se estabelece entre monitores e orientadora, o que permite repensar sobre o processo de orientação individualizado sobre as práticas docentes e as inquietações apresentadas pelos monitores diante a sua vivência como discente em formação.

Referência sobre os autores:
Siméia de Nazaré Lopes, professora efetiva da Faculdade de História da Universidade Federal do Pará – Campus de Ananindeua. Possui doutorado em História Social pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (2013). O projeto de Monitoria foi contemplado com bolsa de monitoria no edital PROEG no. 04/2018.

Arthur Bezerra Monteiro, aluno da Faculdade de História da Universidade Federal do Pará – Campus de Ananindeua. Bolsista vinculado ao projeto de monitoria.

João Tavares Noronha Neto, aluno da Faculdade de História da Universidade Federal do Pará – Campus de Ananindeua. Bolsista vinculado ao projeto de monitoria.

Bibliografia

BITTENCOURT, Circe. O saber histórico na sala de aula. São Paulo: Contexto, 1997.
LUDK, Menga. Pesquisa em educação: conceitos, políticas e práticas. In: GERALDI, Corinta Maria Grisolia; FIORENTINI, Dario e PEREIRA, Elisabeth Monteiro de Aguiar (orgs). Campinas, SP: Mercado de Letras: Associação de Leitura do Brasil – ALB. 1998. (Coleção Leitura do Brasil).  Pp.23-32
RIOS, Terezinha Azeredo. Ética e Competência. São Paulo: Cortez, 1994.
FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. 8ª ed. Rio de Janeiro: paz e Terra, 1998.
ZEICHNNER, Kenneth M. A formação reflexiva de professores: ideias e práticas. Lisboa: Educa, 1993.

Um comentário:

  1. Os meus agradecimentos por compor esse grupo de pesquisa e monitoria junto com professora Dr: Siméia. Sem dúvidas um dos principais desafios é levar para o alunado da educação básica esse dinamismo teóricometodológico da teoria da história, maugrado as dificuldade e desafios de impultar a consciencia histórica vinculado a sua práticidade em sala de aula e fora dela, por isso, nosso trabalho gira em torno disso, de fomentar atravéz da didática da história temdo como seus principais correlatos a teoria da história e a consciencia histórica, a críticidade do mesmo em relacão ao seu meio extraclasse tais como; a sua vivencia com a mídia e a política. portanto, isso ainda constitui apenas um caminho por vários enveredamentos q a pesquisa e otrabalho de monitoria ainda devem tomar.

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