PSICANALISE, ARTE E RERODUÇÃO: DO
SENTIMENTO OCEÂNICO AO FIM DA AURA NO CAPITALISMO
Pablo Rodrigo Barreto Coelho
RESUMO
A vida do autor é a sua fonte de inspiração, pelos momentos que viveu o
artista é capaz de idealizar a sua produção, sua inspiração é o que vê, ouve,
toca, o que sente e o que contempla. Uma vez terminada, a obra de arte passa a
possuir uma Aura que comunica algo ao seu interlocutor. Entretanto, a arte é
uma produção humana, sujeita à forma humana de existir e encontra no
capitalismo uma nova forma de ser (ou deixar de sê-lo).
INTRODUÇÃO
Por maior que sejam as diferenças entre épocas ou culturas, o ser humano
compartilha a mesma estrutura cerebral e psíquica, não atoa, em todos os cantos
do mundo temos pensamentos semelhantes com duvidas sobre a origem e destino do
ser humano, crenças religiosas que pregam a existência de criaturas e
divindades fantásticas. Esse sentimento de insegurança e desconhecimento sobre as
incógnitas do universo é trazido a nós por Freud, este seria o alicerce das
religiões e concepção humana sobre o mundo. Essa concepção humana da realidade
se materializa no momento em que é representada por meio de estátuas de deuses,
músicas sobre sentimentos, histórias sobre ocorridos míticos, explicações
místicas, entre outros. Mas todas essas produções estão sujeitas à inspiração e
talento do seu autor, estão ligadas a ele bem como ele está ligado ao momento
de sua concepção.
A importância do evento está no seu acontecer, no que Walter Benjamin
chama de Hic et Nunc (Aqui e Agora). A obra de arte que possui êxito é aquela
que nasce da vivência do momento, e que para além do seu Hic et Nunc, na sua execução
é preenchida (ou coberta, você escolhe) de Aura, conceito também de autoria de
Benjamin. A Aura seria aquilo que é capaz de causar admiração, surpresa e
espanto, que se mostra sublime, interpelando as emoções de quem com ela
dialoga.
Entretanto, quando surgem as primeiras produções em massa de obras de
arte entramos numa perspectiva diferente. As cópias feitas pelas frias
engrenagens do maquinário seriam ainda obras artísticas? Com o capitalismo
muitas coisas passaram a ser mercadoria, uma delas são as produções artísticas,
de obras únicas foram surgindo cópias e moldes que suprem apenas o desejo da
compra e proximidade, mas não carregam a expressão do autor.
O INÍCIO DA MOTIVAÇÃO ARTÍSTICA EM FREUD
Freud, ao desenvolver um conceito chamado de “sentimento oceânico”, da
uma pista para o surgimento religioso e artístico, este seria a sensação que a
religião (ou a religiosidade) produz no homem, e que por se tratar de algo que
vai além da singularidade de cada um torna-se gigantesco, interminável, “do
tamanho do oceano”, é como uma ligação entre todos os Homens, ele não se prende
em uma religião específica, seria o sentimento de perscrutar algo superior. Freud cita
Goethe para poder se expresser: “Wer Wissenchaft und Kunst besitzt, hat auch
Religion; Wer jene nicht besitzt, der habe Religion!” (1974, pg. 93) (Aquele que tem ciência e arte,
tem também religião; O que tem nenhuma delas, que tenha religião), ai se
encontra uma pequena comparação entre a dedicação à arte e a ciência com a
religião no sentido de preencher as necessidades humanas, tanto no poder de
criação, interpretação e reprodução do mundo em que vivemos. Uma forma de lidar
com o “sentimento oceânico”.
A arte é uma síntese entre o que o autor inspira do mundo e expira, essa
devolução que ele faz do ar respirado carrega toda sua interpretação do mundo e
junto dela sua produção, essa relação se liga com o que Freud diz sobre o id de
uma criança que torna-se adulta: “o embrião não pode ser descoberto no adulto”
(1974, pg. 84), Freud refere-se tanto ao corpo que com o tempo muda quanto a
psique humana que se desenvolve conforme passamos pelos mais diferentes momentos
em nossa vida. Esse desenvolvimento mental e emocional é o que vai dar vazão à
produção artística.
As buscas por explicações para o sentido da vida também são de total
importância, “a vida humana baseia-se em duas metas, a meta positiva que é a
busca pelo aumento do prazer e a busca negativa, que é a diminuição do
sofrimento” (Freud, 1974), são momentos distintos, mas dialogam entre si para
tornar a vida “suportável” ou “explicável”, ambos elementos tendem a
articular-se com a produção artística onde o homem assume, ao menos
inconscientemente, o papel de criador e trás à vida as suas fantasias sendo
elas escritas, plásticas ou sonoras. O importante é o desenvolver criativo,
proporcionar existência a algo que não a tinha e compartilhar essa existência
com outas pessoas, dar vida à pedra, harmonizar a escrita, compor algo que
transmite o que não se é capaz de traduzir, trazer à vida, assim como nós fomos
trazidos.
Para tanto, Freud alega que o artista se destaca das pessoas “comuns” (1974,
pg. 93), ou aqueles que possuem apenas a religião como forma de interpretação
da sua realidade. O artista tem o dom de criar, de desenvolver algo que não
existia, torná-lo acessível a todos. Quando a arte,
através da sua Aura toca interlocutor, ela produz uma narcose que consegue, ao
menos momentaneamente, afastar os pensamentos que afligem a vida de quem a
admira; para além do ópio do povo (na religião), a produção artística é o ópio
do artista e do seu interlocutor.
O AQUI, O AGORA E A AURA
A unicidade de uma obra de arte encontra par na unicidade da sua
concepção. Ao vislumbrar o balançar dos galhos de uma árvore ao vento, ao
sentir conforto no canto de um pássaro experimentamos um acontecimento único,
se nos inspiramos estamos dispostos a dar vazão à emoção, podendo ser através
da pintura de um quadro, escrevendo uma crônica ou compondo uma canção, esse
momento que é a conversão do vivido e interpretado por nós é o Hic et Nunc,
Benjamin “[...] é nessa existência única, e somente nela, que está realizada a
história à qual a obra de arte esteve submetida no decorrer de sua duração” (2017,
pg. 36), ou seja, a obra feita é única, bem como o momento vivido, preenchendo a
obra com toda a carga da experiência vivida, para Gonçalves (2006)
“por
mais perfeita que uma reprodução se apresente, ela sempre estará desprovida da
característica de autenticidade, de seu hic et nunc (aqui e
agora), descrita como a unidade de sua presença no próprio local onde se
encontra, presença que lhe confere toda sua história.”
De toda essa situação que permeia o humano temos a sua forma de externar
o que ele sente e vive, Benjamin alega que o surgimento da arte deu-se na antiguidade,
onde o Homem a produzia com o intuito religioso (2017, pg.). Assim, a
inspiração do seu autor, o esforço gasto na sua produção, o seu valor
simbólico, o seu uso como instrumento de fé, e sua originalidade de um tempo
remoto tornaria este objeto único, algo “carregado” de Aura, de impacto, de
emoção, ainda mais se concebermos que a função da obra criada não é estética,
mas prática.
Logicamente, por ser condicionada ao tempo, a produção do ídolo na
antiguidade não possuía (ou se possuísse, não seria a sua principal intenção) a
conotação artística com a ideia de “arte pela arte”, buscando a fuga sobre
pontos de crítica social ou semelhantes, apenas buscando o enquadramento no
definido como belo. Por estar em outro cenário sua função era outra. Benjamin afirma:
“as transformações sociais, das quais essas mudanças do modo de percepção não
eram mais do que a expressão” (2012, pg.15), então são o reflexo da sociedade e
dos seus valores. Ontem foi ídolo, hoje ela aproxima fisicamente um passado
distante, impossível de ser alcançado.
Independente do que é, quando munido de Aura, nos toca, é o caso de
obras como Monalisa, David, de Michelangelo, das Quatro Estações de Vivaldi,
elas se impõe e nós contemplamos, então, para a pergunta “O que é a Aura?”,
Benjamin responde: “É uma figura singular, composta de elementos espaciais e
temporais: a aparição única de uma coisa distante por mais perto que ela
esteja.” (ARAÚJO, 2010, pg. 125).
REPRODUÇÃO E MORTE DA AURA
Benjamin viveu no momento em que o cinema era a grande inovação
artística, pouco tempo após o advento da fotografia, nesse momento existia uma
grande discussão sobre a reprodutibilidade de obras através da fotografia e de
teorizações sobre o cinema.
O cinema era duramente criticado, uma vez que sua própria forma de produção
é especial, não baseando-se num exemplar único que fosse esculpido ou pintado,
Benjamin comenta:
“No caso das obras cinematográficas, a
reprodutibilidade técnica do produto não é, como por exemplo, nas obras da
literatura ou da pintura, uma condição imposta externamente para sua difusão
massiva. A reprodutibilidade técnica das obras cinematográficas funda-se
imediatamente sobre a técnica de sua produção.” (2017, pg.62)
O cinema em sua produção e consumo é uno. Uma atividade de grupo
voltada para o consumo em massa. Além do que, é feito por atores que não são,
obrigatoriamente, os mesmos do teatro, por edição, sem necessariamente seguir
uma linha causal em sua confecção.
Temos as ações do ator de cinema que, por mais que sejam sinceras e
verdadeiras, são balizadas por inúmeros profissionais que o guiam. A
idealização do filme, não pertence, necessariamente, ao ator ou corpo técnico
que o produz, por tanto, toda a construção, produção e distribuição fílmica
seriam desprovidas de Aura.
Ou seja, a ação do ator de cinema não encontra um Hic et Nunc pois o
momento é montado de forma artificial. Sobre a diferença entre o ator de teatro
e o de cinema:
“Este distingue-se do ator teatral
pelo fato de sua performance artística, em sua forma original, a partir da qual
se realiza a reprodução, não ocorrer diante de um público aleatório, mas diante
de um comitê de especialistas, os quais, na qualidade de diretos de produção,
diretor, operador de câmera, engenheiro acústico, iluminador etc., podem tomar
a todo tempo a atitude de interferir em sua performance artística.” (Benjamin,
2017, pg. 72)
Assim, com uma nova forma de se desenvolver um trabalho artístico e com
uma facilidade muito maior em sua exposição, o véu da Aura é retirado do
objeto, uma vez que no seu intuito primário as obras não seriam feitas para
serem consumidas pelo grande público, (lembremos do caráter
ritualístico/religioso das peças) apenas pessoas escolhidas interagiam com as
peças. Uma fotografia original é idêntica a uma cópia, ela perda a sua
unicidade, com o filme dá-se o mesmo processo, não somos capazes de identificar
a peça original. Torna-se irrelevante a distinção uma vez que todas as peças se
assemelham na linha de produção. Assim é com qualquer produção artística.
A MORTE DA AURA NO CAPITALISMO
A popularização torna acessível a todos a posse da obra e retira dela o
seu carácter originário (religioso) e o adapta para as novas formas artísticas
e consumistas da época. Ora, à grande oferta de réplicas existe um grande
público consumidor. Surge a arte ao alcance de todos, a arte que recebe na
indústria uma nova forma de quantificação e significação, advém a indústria da
produção artística para as massas. Agora todos podem ter uma peça exatamente
igual à cobiçada, contudo, por mais semelhante que seja a réplica, ela não é a
obra original.
Por isso, o fechamento em si das formas artísticas dá-se às elites, uma
vez que a arte buscaria refúgio em nichos para poderem se manter originais:
“As Vanguardas Modernistas apostaram no choque da ruptura, fundado num
sentido estético e político específico como no Dadaismo, no Futurismo, no
abstracionismo, no Surrealismo, no Cubismo, com seus manifestos públicos e uma
perspectiva de interferência na realidade, mesmo que no sentido de abrir novas
possibilidades de comunicação e valores pictóricos e poéticos. Se por um lado
essas vanguardas se denominavam críticas e transformadoras da sociedade, por
outro lado tornaram-se subjetivistas e fechadas em si mesma, elitizando-se,
perdendo contato com o grande público e renunciando a realidade objetiva.” (Paes,
pg 3)
Ou seja, a nova forma de se conceber a arte e o seu papel, encontra em
si mesmo o fim do ciclo. Uma vez que as grandes obras e produções são expostas e
comercializadas entre as elites (que mantém o Valor de Culto da obra), resta ao
grande público apenas o simulacro, uma cópia do “exterior” da obra (o Valor de
Exposição).
Abre-se mão do valor conceitual e histórico das peças uma vez que as
produções remetem apenas a comercialização fetichista da obra, baseando todo o
cerne de sua produção na obtenção de lucro e não na relação dialética entre ser
e universo.
CONCLUSÃO
A reprodução das obras abrem mão do Hic et Nunc, pois as replicas não
são obras inspiradas nas vivências humanas, nas tentativas de interpretação de
mundo ou em qualquer outra situação em que o ser humano se depara com as
conclusões (ou perguntas) que chegou ao observar a sua situação enquanto ser
limitado e temporário. As réplicas das indústrias são simulacros que se
apropriam da imagem externa das obras, voltados à satisfazer o desejo estético
do comprador. A produção em massa dos simulacros não prevê a satisfação do
autor (religiosa, contemplativa, etc.), mas o retorno financeiro.
Enquanto tínhamos estritamente a arte relacionada de forma direta à
religiosidade, e à síntese que o autor faz do mundo à sua volta, era possível
encontrar diferentes ações e momentos que convergiam em um único fim, o
Sentimento Oceânico que coloca o ser humano em perspectiva sobre questões fora
de sua alçada, o momento em si de contemplação e inspiração, conceituado no Hic
et Nunc e a união destes na produção e conclusão da obra revestida de Aura. De
toda essa ação surge a obra única com um fim especifico, a adoração,
contemplação oferenda. Encontramos na fotografia o passo seguinte onde a
reprodução da obra através do filme fotográfico torna possível a sua
massificação e em união à essa forma de consumo chegamos ao cinema, este que é
em todas as suas instancias de produção e consumo voltada as massas.
REFERÊNCIAS
·
Pablo Rodrigo Barreto Coelho
·
Cidade: Porto Alegre
·
Graduando em História pela FAPA – Faculdade
Porto-Alegrense.
·
Membro fundador do GAP (Grupo Autônomo de
Pesquisa) - Sair da Grande Noite. https://sairdagrandenoite.com/
·
Cursando especialização em Ciência da Religião
(FAVENI)
ARAÚJO, B. O
conceito de aura, de Walter Benjamin, e a indústria cultural. Pós.
Revista do Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo da FAUUSP,
n. 28, p. 120-143, 1 dez. 2010.
BENJAMIN,
Walter. A obra de arte na era de sua
reprodutibilidade técnica. Porto Alegre: L&pm Pocket, 2017. 167 p.
FREUD, Sigmond. Edição standard brasileira das obras
psicológicas completas de Sigmund Freud. Rio de Janeiro: Imago, 1974. 309
p. 21 v.
GONÇALVES,
Alexander. O fim da arte pensado a partir do conceito de
“aura” de W. Benjamin. 2006. Disponível em:
<http://www.urutagua.uem.br/009/09goncalves.htm>. Acesso em: 1 abr. 2006.
Boa tarde, Pablo Coelho!
ResponderExcluirGostei bastante do seu texto!
Você consegue enxergar alguma possibilidade de superação deste estágio histórico e a possibilidade de voltarmos a produzir a grande arte (no capitalismo ou na superação dele)?
Olá, bom dia e obrigado pela pergunta, ela abre espaço para outros questionamentos.
ExcluirA Grande Arte, em sua conceituação como uma arte mais “séria, comprometida e refinada”, sendo assim elitista e reservada a pequenos grupos ainda exista é o exemplo de quadros com referências clássicas, música de câmara e até mesmo textos e poemas que ainda são produzidos. Essa produção ainda existe e se mantém, dificilmente morrerá.
O olhar proposto é justamente a percepção da descoberta de um mercado consumidor, onde o que é ofertado para esse público não se trata mais de algo envolto em Aura e sim nas tecnicidades das obras e nas suas múltiplas cópias, como é o caso do cinema, da fotografia e outras mídias contemporâneas. A peça em si deixa de ser única e torna-se mais uma entre suas cópias. Ao assistir um filme de grande bilheteria no cinema podemos desenvolver pensamentos como “este “rolo de filme” é a película original que serviu de matriz para as demais cópias?”, “a produção desse filme realmente expressa uma visão de mundo ou é apenas uma obra voltada para o lucro?”, dentro do filme temos trilha sonora, efeitos gráficos e demais atividades artísticas, mas seriam estas atividades a expressão do autor ou apenas a criação e execução técnica?
A Aura pode se fazer presente em uma obra com técnicas rebuscadas e complexas (criações em mármore, óperas consagradas e métricas líricas) indo de encontro com a “Grande Arte”, como num quadro de Da Vinci, da mesma forma que se faz presente em outras produções com maior simplicidade e humildade (músicas de artistas populares, como a MPB e expressões folclóricas, como danças e textos locais), tendo como exemplo a Caverna de Les Trois-Frères, (claro, condicionemos à época e conhecimento técnico de cada momento para se evitar o anacronismo).
A produção artística nunca foi feita para o grande público (como as obras ritualísticas da era do bronze, romanas ou mesopotâmicas, pinturas e símbolos com características mágicas, como produções rupestres e xamânicas, e grandes orquestras e esculturas em mármore destinadas à nobreza e burguesia), sendo manuseada e consumida apenas por pessoas específicas.
Assim, a produção rebuscada sempre irá existir, mas condicionada a um grupo, Cartola nunca seria capaz de compor a 9º Sinfonia, e Beethoven nunca produziria O Mundo é um Moinho, ambos tem o seu valor, unicidade e Aura. Agora vivemos o momento da produção para as massas, onde a preocupação está em comunicar e acumular (emoção para se obter capital) e não dialogar e dividir (intenção do autor aliada as visões do observador e divisão das concepções de mundo e vida).
Espero ter respondido de forma satisfatória, caso contrário fique à vontade para fazer mais questionamentos.
Respondeu sim. Perfeito! Obrigado pela atenção!
ExcluirComentário: Jeferson do Nascimento Machado.
ExcluirBom Dia Pablo Coelho!
ResponderExcluirgostei muito de seu texto, muito reflexivo.
Gostaria de saber como fica a obra de arte na pós-modernidade, sendo a arte para a maioria somente o simulacro?
Bom dia, Rafael, agradeço a pergunta e seu teor, uma vez que ele dialoga perfeitamente com o texto.
ExcluirA pós-modernidade é pautada, por entre outros, a habilidade de colocar valor comercial em tudo. Amiúde, essa característica surge nas mais diversas expressões humanas, como na religião e na produção cultural.
Como afirmado no texto, a produção artística em tempos passados não era feita para o grande público, mas sim para uma finalidade, sendo esta desempenha por pessoas específicas, ou então, quando era pela estética ou legitimação ideológica, apenas consumida pelas elites, tendo o valor didático para as passas (como o caso dos vitrais e tímpanos de igrejas).
A pós-modernidade é capaz de por um valor irrisório em obras que simulam ser algo único, criando assim a aproximação entre as massas e as obras. É o papel do simulacro.
Ou seja, dificilmente alguém das camadas populares terá a pintura da Santa Ceia transplantada para sua casa, mas pode ter uma cópia, mesmo que em qualidade duvidosa. Assim, o simulacro preenche a carência pelo consumo artístico, aproximando as massas das obras, contudo, esta representação da obra não possui sua Aura própria, não é a Obra em si. O seu cerne é remeter à obra.
O que resta para a maioria é somente o simulacro (se o desejo for o consumo de obras únicas e consagradas, como Davi, de Michelangelo), uma vez que, por mais estudo teórico e conhecimento sobre a produção artística em si, a aquisição das obras consagradas é impossível.
Por fim, as expressões artísticas surgem nos mais diversos lugares e momentos, é o Ic t Nunc. Ou seja, "a maioria" ainda consome obras originais e únicas, contudo, somente as que estão acessíveis, como é o casa das expressões populares e das produções locais/regionais, que são produzidas por artistas, que assim como qualquer outro, é capaz de exprimir os seus sentimentos e anseios na sua produção. Podemos ligar essa questão ao debate entre "arte e artesanato", quais as diferenças, seriam apenas as técnicas, as ideologias propostas em casa setor?
Espero ter dado uma resposta satisfatória, mas fico a disposição para demais questionamentos.
Perfeito Pablo,
ExcluirMuito obrigado por sua resposta, ajudou muito a sanar minhas dúvidas e completar o excelente texto. Parabéns.
boa tarde Pablo,
ResponderExcluirmuito bom texto, parabéns.
se eu entendi bem o texto, a massificação das obras de arte por meio do capitalismo esta, de certa forma, matando ou tirando o conceito principal das obras de arte,que é o sentimento do autor, mas queria saber se essa massificação não seria a única forma do grande público poder ver as obras de arte, tendo em vista que as obras de arte estão sempre relacionadas as grandes elites detentoras de poder, desde já obrigado.
Bom dia, obrigado pela leitura e pela pergunta.
ResponderExcluirO artista pode surgir em qualquer meio e em qualquer camada social, assim, é possível encontrar arte com sentimento, conceitos e Aura em qualquer ambiente. Contudo, a nossa percepção de arte é burguesa, uma vez que vivemos numa sociedade de padrões e origem burguesa, assim, ao nosso ver, a arte seria aquela presente nos museus, nas orquestras, sempre envolta em pompa.
Contudo, esquecemos que a produção artística não é somente seguir um padrão, como diz o texto, é a síntese do autor sobre o mundo. Portando a arte se faz acessível a todos, mas essa arte de viés burgues não, sendo destinada às massas os simulacros.
Espero ter respondido e fique à vontade para fazer mais perguntas.
boa tarde,Pablo.
ResponderExcluirgostei bastante do testo.
se eu entendi o testo o capitalismo e a produção em massa de replicas das obras de arte estão tirando a sua originalidade e o seu sentido, mas se não fosse por essa produção massiva de replicas a grande população não conseguiria ter acesso a essas obras, queria saber o que você pensa a respeito disso?