RETROCESSOS
E AVANÇOS NAS REPRESENTAÇÕES DA CULTURA INDÍGENA NOS LIVROS DIDÁTICOS DO ENSINO
FUNDAMENTAL
José Humberto Rodrigues
Reinaldo Pereira da Silva
Rosângela Pereira Silva
O interesse pela história indígena
surgiu após a realização de um trabalho interdisciplinar realizado
junto com as turmas do ensino fundamental para a disciplina de História do Brasil, na
qual devíamos trabalhar com questões referentes ao cotidiano indígena no
período imperial. Foi através
desta
preocupação que motivou a análise da história e, consequentemente, das
representações sociais do índio no livro didático de história, pois é nesse
tipo de livro que os alunos têm início o desejo de compreender melhor esse povo
pouco estudado na nossa história.
Para situarmos nosso debate é
necessário contextualizarmos a gênese do livro didático no ensino no país e sua
massificação depois da década de 1970 e as mudanças no processo de ensino e
pesquisa no campo histórico.
No período imperial temos o primeiro
livro didático de história no Brasil (Lições
de História do Brasil de Joaquim Manuel de Macedo) (, voltado
principalmente para enaltecer as conquistas do imperador Pedro II e também para
uma educação centrada em nomes, datas e heróis. Sem possuir imagens, o livro
didático é altamente explicativo e descritivo. Logo em seguida temos um livro
didático de história (História do Brasil
de Rocha Pombo) do início do século XX onde o uso de imagens em conjunto
com os textos se torna frequente. A função do livro didático nesse período
continua sendo a mesma do
período anterior, mas seu significado
sobressai, sendo este considerado um dos livros didáticos mais importante e
mais utilizado no Brasil, reeditado entre 1919 e a década de 1960. Já no
período da ditadura militar a função do livro didático de história é alterada,
passando o mesmo a ensinar uma história centrada na política, sem dar margens
para contestações e críticas. É nesse período que o livro didático começa a
perder a sua durabilidade, tornando-se descartável e efêmero. Na década de 1980
e nos anos iniciais da década seguinte, a história presente nos livros
didáticos modifica-se, propondo uma interpretação das lutas de classe,
principalmente dentro de uma corrente marxista. Em meados da década de 90 os
livros didáticos são produzidos em grande quantidade, sendo inutilizados com
muita freqüência e, é nesse período que se tem uma nova concepção sobre o fazer
história, tendo a historiografia centrada em uma história social, cultural.
Já no século XXI, após as diretrizes
da LDB/1996 e dos PCN’s, mais precisamente no ano de 2006, houve uma tentativa
do governo em aumentar a duração dos livros didáticos nas escolas. Essa
durabilidade do livro didático recorda o tempo em que o livro didático era peça
importantíssima no processo de educação, sendo utilizado ao longo das décadas.
Partindo de uma historiografia que
contemplava o índio enquanto um sujeito somente através dos aspectos da exploração
e da necessidade de sua mão de obra, percebemos que nos livros didáticos
somente é reforçado esse discurso, como exemplo no livro Imagens da Colonização, o autor Ronald Raminelli (1996) aborda a
temática indígena sob os olhares de vários escritores, desde os jesuítas até os
filósofos. Raminelli esboça um panorama bastante extenso acerca dos primeiros
contatos dos índios com os portugueses. O autor trabalha com a questão
religiosa dos índios e também como os portugueses a tratavam. Devido à
inexistência de documentos escritos deixados pelos primeiros habitantes do
Brasil, a história contada por outras pessoas pode ser altamente modificada e
imaginada. A partir disso, podemos entender que a história dos índios conhecida
por nós não pode ser entendida como “verdadeira”, um relato fiel do que
acontecia na época. De acordo com Raminelli “a falta de registros escritos
permitiu distorções e promoveu o surgimento de histórias adulteradas pela
fraqueza da memória e pelos longos séculos”. (RAMINELLI, 1996, p. 24)
Manuela Carneiro da Cunha (1992) em
seu livro História dos Índios no Brasil
aborda a mesma temática proposta por Raminelli, discutindo a falta de
documentos que comprovem com exatidão a história indígena. Segundo Manuela
Carneiro, sabe-se muito pouco, ainda hoje, sobre os aborígenes que habitavam as
terras brasileiras. Faltam registros feitos pelos próprios índios e pelos
colonos que viveram nessas terras. A pouca documentação da época foi feita por
alguns jesuítas que adentravam as terras e se sentiam na obrigação de relatar
aquilo que viam e viviam, como ainda pelas cartas dos colonos enviadas à Coroa,
a fim de transformar os índios em escravos. “De fato, apesar de pouco abordada
na historiografia, à escravidão indígena desempenhou um papel de grande impacto
não apenas sobre as populações nativas como também na constituição da sociedade
e economia coloniais.” (MONTEIRO, 1994, p. 105)
Para Manuela Carneiro, a briga pelo
controle dos nativos da terra no período colonial estava além dos jesuítas e
dos colonos e colocava-se centrada na Coroa. O sistema de padroado em
funcionamento na época colonial fez com que o poder do clero aumentasse e fosse
imprescindível a catequização dos índios para o funcionamento da metrópole. De
acordo com a autora, o sistema de padroado baseava-se no poder do rei de
Portugal, onde o mesmo possuía poderes tanto de estado quanto religiosos, pois
o papa havia delegado várias imputações do poder religioso, ocasionando em um
poder extraordinário à Coroa, no que diz respeito à religião. Para que o rei
pudesse usufruir de todo esse poder, era necessário que o mesmo tornasse a
evangelização em suas colônias obrigatória, pois essa era a condição imposta
pela Igreja. Com isso, o clero ganhou espaço para a realização de suas
“missões” e, consequentemente, a revolta dos colonos.
Na primeira metade do século
XIX, as políticas indigenistas se encontravam mais em evidência, especialmente
no período que ocorreu a transferência da família real para o Brasil.
No final do período colonial e início
do período imperial, ocorrem, no Brasil, modificações na forma de se ver e
tratar o indígena. O que antes era visto como “selvagem” ou “bárbaro”, passa a
ser entendido como “bravo” e “doméstico ou manso”, “terminologia que não deixa
dúvidas quanto à idéia subjacente de animalidade e de errância”. (CUNHA, 1992,
p. 136) Para Manuela Carneiro, o índio do período imperial pode ser visto como
um estorvo e algo a ser superado.
Outra forte
alteração nesse período é a mudança de foco da população, pois o índio apenas
como mão-de-obra não é mais necessário e a preocupação agora se dá pelas
terras. Se antes, na colônia o índio era altamente requisitado por ser uma
mão-de-obra de fácil alcance, onde se podia usar e, em seguida, dispensar sem o
mínimo de cuidado, agora se debatia a questão da ocupação das terras.
“[...] para caracterizar o século como
um todo, pode-se dizer que a questão indígena deixou de ser essencialmente uma
questão de mão-de-obra para se tornar uma questão de terras. [...] A
mão-de-obra indígena só é ainda fundamental como uma alternativa local e
transitória diante de novas oportunidades.” (CUNHA, 1992, p. 133)
A preocupação de grande parte da
população estava centrada nas terras brasileiras. No século XIX a busca por
terras e status se tornou muito forte, ocasionando então medidas contra os
índios, pois os mesmos possuíam terras e usufruíam dos direitos que conquistaram
ao longo dos séculos.
Os índios aldeados foram introduzidos
na sociedade no final do período colonial, quando passaram a viver dentro da
comunidade. Adquiriram essa identidade, pois se estabeleceram como o restante
da população e se sentiram com direitos e deveres iguais. O índio aldeado
possuía quase os mesmos direitos que um colono, podia fazer uso dos seus
direitos e reivindicar - aquilo que considerasse correto. É esse direito que,
de acordo com Manuela Carneiro, dá aos índios o poder de possuírem terras no
final do período colonial. Mas, a partir do século XIX as brigas pelas terras
se tornam inevitáveis e os índios começam a se tornar alvos da população civil.
De acordo com
Manuela Carneiro, o século XIX teve, para a população, dois tipos de grupos
indígenas: os Tupi-Guarani e os Botocudos.
No século XX, de acordo com Antônio
Carlos de Souza Lima (1992, p. 159), ocorrem fortes manifestações de grupos
indígenas em prol de uma política de terras que os favoreça, e a criação do SPI
- Serviço de Proteção aos Índios, datado de 1910. O SPI foi criado com o
intuito de preservar terras para os diversos grupos indígenas e transformá-los
em pequenos produtores rurais capazes de se auto sustentarem.
“Foi a partir da expansão de um Estado
Nacional – aqui concebido como forma processual -, formalmente separado das
ordens eclesiásticas, que se teria a criação do chamado Serviço de Proteção aos
Índios (SPI), primeiro aparelho do poder governamentalizado instituído para
gerir a relação entre os povos indígenas, distintos grupos sociais e demais
aparelhos de poder.” (LIMA, 1992, p. 155)
Devido às várias visões do índio por
parte dos governantes – alguns acreditavam que os mesmos continuavam em seu
estado inferior, adquirido no período colonial, outros tinham no índio a
“origem” da nacionalidade brasileira – e as políticas de proteção ao índio não
foram bem sucedidas neste momento. A preocupação dos governantes do século XX
era colonizar cada vez mais terras, mesmo que para isso fosse necessário
“tomar” a terra que pertencia ao índio. Os militares usavam de uma estratégia
denominada pacificação, onde a ideia geral era “atrair e pacificar”, ou seja,
conquistar as terras, mas sem destruir os grupos indígenas que a ocupavam.
Podemos notar uma grande diferença no pensamento da população civil e de seus
governantes no posicionamento perante os índios. Não há um desejo de extermínio
das populações indígenas, mas sim de uma realocação dos mesmos.
Sendo assim percebe-se que o estudo da
história indígena, por parte de historiadores, se perdeu ao longo dos anos,
sendo retomado apenas no final do século XX, ou seja, como a imagem do índio
passada ao longo dos séculos foi sempre de inferioridade, tendo um baixo grau
de “importância” para a história, os historiadores, anteriores ao século XX,
não se preocuparam em estudar os povos indígenas com mais entusiasmo e
dedicação. Isso ocorreu devido à visão errônea que muitos estudiosos
transmitiram para a geração seguinte. Por muitos anos a historiografia acerca
do tema se voltou para uma história inexpressiva dos índios, onde os mesmos
serviam como escravos, aliados em guerras e, muitas vezes, massacrados pelos
portugueses.
Essa história, passada ao longo dos
anos, fez com que o estudo da história e da cultura indígena não obtivesse o
valor devido, pois ao passar uma história de “atores coadjuvantes” perde-se a
curiosidade e o desejo de aprofundar no tema.
A ideia de uso dos índios de forma
inadequada por parte dos “colonizadores” e sua opressão esmagadora, fez
triunfar uma história dos “derrotados”, uma história dos fracos, dos
despossuídos de direitos, que após a derrota não ofereciam mais empecilhos para
a ocupação das terras.
Recentemente novos estudos deram conta
de uma historiografia diferente, capaz de pensar o índio em sociedade,
analisando suas escolhas e atitudes para com os portugueses. Tais estudos
mostraram que o convívio entre portugueses e índios nem sempre foi norteado por
guerras, servidão e exclusão, mas sim por uma variedade extensa de escolhas,
atitudes e culturas. Essa historiografia só foi possível devido à aproximação
entre história e antropologia que, no passado, era renegada. “(...) o maior obstáculo
impedindo o ingresso mais pleno de atores indígenas no palco da historiografia
brasileira parece residir na resistência dos historiadores ao tema,
considerado, desde há muito, como alçada exclusiva dos antropólogos.”
(MONTEIRO, 2001, p. 4)
A integração entre história e
antropologia auxiliou no processo de reformulação da historiografia referente
ao índio, trazendo à tona uma discussão sobre a identidade indígena.
O conceito de identidade aqui
entendido é explicado e exemplificado por Stuart Hall, na obra A identidade cultural na pós-modernidade (2006).
Em sua obra Hall trata as identidades como “descentradas, isto é, deslocadas ou
fragmentadas”. Para ele, o próprio
conceito de “identidade é demasiadamente complexo, muito pouco desenvolvido e
muito pouco compreendido” (HALL, 2006, p. 8), talvez por isso o autor deixe
claro, ao longo do capítulo, a preocupação em não tornar o estudo como algo
“definitivo”.
“Em essência, o argumento é o
seguinte: as velhas identidades, que por tanto tempo estabilizaram o mundo
social, estão em declínio, fazendo surgir novas identidades e fragmentando o
indivíduo moderno, até aqui visto como um sujeito unificado. A assim chamada
“crise de identidade” é vista como parte de um processo mais amplo de mudança,
que está deslocando as estruturas e processos centrais das sociedades modernas
a abalando os quadros de referência que davam aos indivíduos uma ancoragem
estável no mundo social.” (HALL, 2006, p. 7)
Essa fragmentação está alterando o
modo como nós entendemos “nossas identidades pessoais, abalando a ideia que
temos de nós próprios”, isso altera o pensamento de “classe, gênero,
sexualidade, etnia, raça e nacionalidade, que, no passado, nos tinham fornecido
sólidas localizações como indivíduos sociais”. (HALL, 2006, p. 9)
As autoras Cecília Azevedo e Maria
Regina Celestino de Almeida (2003) fazem uma discussão sobre a revalorização
das identidades, principalmente indígena, dentro da nova historiografia,
abordando a “noção de cultura como produto histórico, dinâmico e flexível”.
“Isso favorece a ideia de que, apesar
dos condicionamentos culturais, os homens orientam-se por estratégias móveis,
por interesses e objetivos que se transformam com suas experiências históricas,
permitindo-lhes reformular cultura, valores, memórias e até identidades.” (AZEVEDO
e ALMEIDA, 2003, p. 26)
A revalorização da identidade indígena
altera o pensamento anterior de que os índios foram povos sem escolha,
escravizados e dizimados pelos portugueses, sem chances de modificar tais
regras.
É através desse esboço historiográfico
que se norteia o ensino de história na construção de uma identidade e cultura
indígena, pois a nova historiografia acerca do índio ressalta a importância das
diversas tribos indígenas para a construção da sociedade brasileira. Mesmo
tendo perpetuado por tantos anos a exclusão da temática indígena nas escolas,
nos livros didáticos e na produção historiográfica, a nova concepção da
história do índio no Brasil traz à tona um universo amplo e riquíssimo da
cultura e da identidade destes povos.
De acordo com o texto inicial da
LDB/96, “o ensino da História do Brasil deve levar em conta as contribuições
das diferentes culturas e etnias para a formação do povo brasileiro,
especialmente das matrizes indígena, africana e européia”. (BRASIL, LDB, 1996,
p. 11)
A partir disso, podemos perceber as
mudanças que foram estabelecidas no ensino brasileiro, principalmente focando
no ensino da história a cultura dos povos que ajudaram a construir a identidade
brasileira.
Os PCN’s, mesmo abordando a história
indígena de forma concisa, já conseguem estabelecer algumas alterações na forma
de se ver e pensar estes povos. Ao descrever o ensino adotado nas escolas até o
período de sua vigência (1998), que fazem referência aos “primeiros povos da
América”, debatem a questão de modo que se entenda as mudanças a serem
estabelecidas na educação.
“Legitimando o discurso da “democracia
racial”, o ensino de história representava o africano como pacífico diante do
trabalho escravo e como elemento peculiar para a formação de uma cultura
brasileira; estudava os povos indígenas de modo simplificado, na visão
romântica do “bom selvagem”, sem diferenças entre a cultura desses povos,
mencionando a escravização apenas antes da chegada dos africanos e não
informando acerca de suas resistências à dominação européia. E projetava os
portugueses como àqueles que descobriram e ocuparam um território vazio,
silenciando sobre as ações de extermínio dos povos que aqui viviam.” (BRASIL,
PCN’s História, 3º e 4º ciclos, 1998, p. 22-23)
A inserção do tema nas escolas
acontecia, em grande parte, pela valorização da historiografia referente ao
índio e das leis que visam inserir o índio e o negro dentro do ensino
fundamental, tornando o aluno capaz de:
“Conhecer e respeitar o modo de vida
de diferentes grupos, em diversos tempos e espaços, em suas manifestações
culturais, econômicas, políticas e sociais, reconhecendo semelhanças e
diferenças entre eles, continuidades e descontinuidades, conflitos e
contradições sociais.” (BRASIL, PCN’s História, 3º e 4º ciclos, 1998, p. 43)
A questão da identidade indígena
também se faz presente na criação da lei 11.645/08, que torna o ensino de
história e da cultura indígena obrigatório nas escolas. Como já citado, a
identidade indígena, entendida pela nova historiografia, tem o índio como
agente da sua própria história e não apenas um “expectador”. O que nos leva a
pensar nos motivos pelos quais o governo propôs a nova lei. A criação da lei
partiu dos governantes e não da população, pois entende-se que o movimento
indígena nunca teve uma representação forte dentro da sociedade,
diferenciando-se do movimento negro que, desde muito antes da lei sobre a
obrigatoriedade da inserção do ensino da história e cultura afro-brasileira ser
sancionada, já era forte e possuía um poder efetivo, lutando assim pelas suas
identidades no ensino de história.
Assim concluímos que devido ao menor
envolvimento dos índios nas questões sociais, ocorreu uma demora na
regularização da lei acerca da obrigatoriedade do professor de história de
inserir a história e a cultura indígena em seu cotidiano escolar. O foco do
ensino escolar, a partir da busca pela história indígena realizada pelo
governo, se voltou para a história do Brasil, colocando em evidência os índios
brasileiros, sendo estes considerados responsáveis por parte da “origem”
brasileira e pela construção da nossa História. Sobre a lei 11.645/08:
Sendo assim percebemos que houve
significativas mudanças nas representações da cultura indígena nos livros
didáticos, porém ainda as permanências fazem-se presente através de narrativas
e imagens discursivas que não contextualizam a cultura
indígena com um dos pilares da cultura nacional.
REFERÊNCIAS
José Humberto
Rodrigues - Belo Horizonte - Minas Gerais
Bacharel em
Biblioteconomia e Licenciado em História e Geografia. Especialização em
História do Brasil Contemporâneo, História e Cultura Mineira e Metodologia do
Ensino de Geografia e História. Mestre em Educação FaE – UEMG.
Reinaldo Pereira da Silva- Belo Horizonte - Minas Gerais
Mestre em Educação pela FaE- UFMG, Psicólogo formado
pela PUC-Minas, Especialista em Violência Doméstica contra a Criança e ao
Adolescente pela USP. Especialista em Segurança Pública e Complexidades pela
Escola Superior Dom Helder Câmara.
Rosângela
Pereira Silva - Belo Horizonte - Minas Gerais
Graduada em
Pedagogia pela FaE – UEMG. Participou do Programa Institucional de iniciação à
docência, bem como o aperfeiçoamento e a valorização da formação de
professores, subprojeto Interdisciplinar Cultura Afro-Brasileira e Educação em
escolas públicas de Belo Horizonte.
ALMEIDA, Maria Regina
Celestino de. Identidades étnicas e culturais: novas perspectivas para a
história indígena. IN: ABREU, Martha; SOIHET, Raquel (orgs.). Ensino de História – conceitos, temáticas e metodologia. Rio de Janeiro: Casa da palavra/Faperj, 2003, p. 27-37.
AZEVEDO, Cecília; ALMEIDA,
Maria Regina Celestino de. Identidades plurais. IN: ABREU, Martha; SOIHET,
Raquel (orgs.). Ensino de História – conceitos, temáticas e metodologia. Rio de Janeiro: Casa da
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A falta de representatividade das populações indígenas nos livros didáticos, assim como esse papel quase que coadjuvante do ensino da História do Brasil que contemple a História Indígena, é uma deficiência dos currículos de História no Ensino Superior?
ResponderExcluirEu como discente de História, quase não tive aulas ou possibilidade de pesquisas voltadas para os estudos dos povos indígenas no Brasil ou mesmo na América. Logo essa ausência também se reflete na Educação Básica, pois os livros são notoriamente superficiais e a História se torna um emaranhado de cultura Européia e positivista. Não seria o momento de buscar uma reforma dos nossos currículos a fim de que se abram oportunidades para a pesquisa nessa seara?
GUSTAVO GOMES DE MEDEIROS
Caro Gustavo, boa tarde! Realmente a falta de representatividade das populações indígenas nos livros didáticos é notório, assim como também nos currículos dos cursos superiores. Muito pouco debatemos essa questão em sala de aula e ficamos geralmente fazendo "pequenos" recortes dessas populações indígenas. Uma reforma curricular que abrangesse essa temática e outras mais seria necessário, porém acredito que nossa "História" ainda não contemplou vários grupos sociais que foram e são fundamentais em nossa construção político-social.
ResponderExcluirQuero primeiro parabenizar as pessoas que elaboraram o trabalho.
ResponderExcluirDiante da leitura do texto podemos perceber que o ensino indígena foi algo muito importante à ser tratado dentro do ambiente escolar no ensino básico, por muito tempo a história do índio foi meio que deixada de lado,não só pelas elites mas também pela historiografia, pode-se dizer que a escola dos Anales e também a "história social" discutida à partir de 1950 por Thompson teve uma grande importância para que a historiografia brasileira pudesse assim inserir a história do índio no ensino de história nas escolas?
Outra pergunta, sabemos que a história do índio é muito limitada nos livros didáticos,mesmo que tenham leis que ordenam para que haja o ensino da história do índio na escola, qual seria a maior dificuldade do professor de história em repassar todas esses episódios e mazelas envolvendo os índios, tendo em vista em que a nossa carga horaria está cada vez mais à ser limitada pelo estado.
De que modo podemos abordar o ensino indigenista pontuando não só os pontos principais, mas também os diversos tipos de relação entre índio-senhor, índio-escravo ?
Comentário de
ExcluirENZO REIS DO ROSÁRIO
Complementando a resposta de Rosângela dada a importância da literatura indígena na sala de aula como ferramenta para a construção da identidade dos estudantes da Educação Básica, torna-se necessário o desenvolvimento de políticas institucionais e programas culturais para promover discussões sobre igualdade de direitos dos povos originários e para combater o preconceito contra esses agrupamentos. Acreditamos que não é possível educar uma nação somente com a criação de leis, pois as legislações por si só não mudam a mentalidade das pessoas, portanto, é preciso um conhecimento amplo sobre o assunto não só do povo indígena, mas de toda sociedade brasileira. Por fim, acreditamos que professores e estudantes precisam conhecer e compreender o que está disposto no conteúdo da legislação para poder reivindicar os direitos e exercitar sua participação política.
ExcluirPrezado Enzo, boa tarde. O ensino da cultura indígena em sala de aula tem que dialogar com as produções acadêmicas e na formação dos profissionais da educação. Essa abordagem tem que mediar com todas as áreas do conhecimento e assim talvez começamos a valorizar seu ensino nas escolas. Quanto a historiografia é com as novas correntes historiográficas que surge novos campos de pesquisa, "novos" atores sociais e especialmente o conceito de cultura abrange outras sociedades, conhecimentos, saberes e produções culturais.
ExcluirA nova paisagem no cenário do sistema educacional do Brasil começa a despontar mesmo que timidamente para um (resgate) da história dos povos indígenas e brasileiros, configurando uma identidade mais difusa e diversificada. Portanto, a Lei 11.645/08 busca integrar a proposta de mudanças curriculares na Educação brasileira desta forma, a história dos povos indígenas tornasse obrigatória em toda Educação Básica. Diante disso essa mudança não deverá
ResponderExcluiracontecer somente na disciplina de história, conforme determina a lei deve abarcar também todas as disciplinas curriculares.
Sobre as proposta de abordagem sobre os Povos Indígenas na sala de aula pensamos em diversos recursos dependendo da faixa etária como usando a literatura e seus vários autores como por exemplo Daniel Munduruku escritor indígena da tribo Munduruku, assim incentivando a aquisição de conhecimentos sobre a história dos povos indígenas.
A proposta de análise é relevante para o debate que é realizado nas salas de aula, mas quais os livros didáticos que vocês analisaram? Eles de fato, foram avaliados pelo PNLD? A pergunta é em função das abordagens que alguns LD apresentam sobre o modo de vida das populações e que não estão de acordo com a legislação. Isso porque há edições de LD que usam o timbre de livro aprovado pelo PNLD, mas que não foram de fato avaliados. Como a pesquisa seguiu para contornar essa situação?
ResponderExcluirSimeSi de Nazaré Lopes
Boa tarde, Simeia Lopes. As questões que levantou foram as emblemáticas nesse trabalho com os livros didáticos, pois existem coleções de livros didáticos na escola e assim selecionamos aqueles que foram usados no ano de 2016 e 2017 em salas de aulas.Os referidos livros foram aprovados pelo PNLD, mas mesmo assim percebemos que ainda falta bastante para incorporar a cultura e os saberes indígenas nos livros didáticos. Alguns dos livros analisados foram: SIMIELLI, Maria Elena; CHARLIER, Ana Maria. Projeto Ápis – História. 2015. São Paulo: Ática, 2016; BOULOS JÚNIOR, Alfredo. História Sociedade & Cidadania. São Paulo: FTD, 2016; RIBEIRO, Vanise Maria; ANASTASIA, Carla Maria Junho. Piatã – História – Curitiba: Positivo, 2016; VAINFAS, Ronaldo. História. Doc. São Paulo: Saraiva, 2016. Nossa primeiro observação nos livros didáticos foi buscar analisar como eles tratavam da cultura indígena, os critérios foram observações de textos, imagens dentre outros. Esperamos continuar essa análise de forma mais abrangente no material didáticos disponível.
ResponderExcluirGostaria de parabenizar o texto, bastante pertinente a temática.
ResponderExcluirComo vocês avaliam essa questão dos currículos de muitos cursos de licenciatura em história não trazerem a questão do índio para os debates,tal como nos livros didáticos. Como ficam os futuros professores e os alunos que não conhecem sua história?
Jaime Junior, bom dia. Sua reflexão talvez seja o nó górdio das licenciaturas e em especial dos cursos de História, já que "observamos" que inúmeras narrativas "exigem" a retirada desse e outros temas sociais fundamentais para o entendimento da história social do país. Assim, somente com muito trabalho, pesquisa e acesso as mesmas é possível reverter o quadro excludente que se faz presente no momento em nossa sociedade. Estamos no momento na "caça" aos professores e em uma liturgia de censura sobre os livros didáticos. Tudo nos remete a distopia de Fahrenheit 451 e as forças de resistência.
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